terça-feira, 30 de novembro de 2010

Catalizador

Pagarás os ossos quebrados do seu rosto angelical

Pagarás estrelas implantadas na sua boca de anúncios do metro

Pagarás enfeites de ideais para o vosso pescoço nesta noite de natal monstruosa

Pagarás peixes milagrosos pros famintos caídos na poeira implorando os céus

Pagarás cédulas de promessas que custam frases felizes diante do espelho em segundos de descanso

Pagarás a pulverização da vossa fênix acolhedora neste berço esplendido enquanto a liberdade enterra boas intenções no jardim das utopias

Pagarás trilhos de neon ilusórios de um lado a outro da vossa mente dividida e cega sugando mariposas perdidas nos anúncios dos jornais invisíveis

Pagarás olhos esbugalhados apaixonados por uma bala de fuzil influente louca pra beijar seu cérebro

Pagarás votos que entopem o esgoto te enchem de bosta pública e lambem a lesma da fortuna

Pagarás vosso silêncio ao acordar sem saber do sonho da noite da vida

Em verdade vos digo

Falirás

sábado, 27 de novembro de 2010

Conteúdo invencível

Não mudo nada
Só o silêncio
Fala

Mudo pouco
Mais um
Louco

- Vento, pra que a bússola?

domingo, 21 de novembro de 2010

Utopia

.
.
.
Estava eu em meu lugar
Veio a idéia me fazer mal
A idéia na mente, a mente no mundo

E o mundo a fiar

sábado, 20 de novembro de 2010

Exílio

Faixas de pedestre
Pelos trilhos do acaso
Precipício no caminho
Sol se pondo no infinito
Só é preciso mentir
Pra si mesmo
Até escutar
O silêncio batendo no peito
Querendo entrar
Ou sair

domingo, 14 de novembro de 2010

Tempo grátis

Ir pra cuba
Pelo que eu li
O Brasil é só aqui
família gatos feira
Muito por pouco
Café e papelão
Ainda não é natal
Senhora social
Moedas ou travessuras ?
Um dia você para
E ganha uma conversa
Dinheiro contado
Oferenda pros santos
Que acordam cedo
E não dormem
Pelo resto
Pelo antes
Muito obrigado
Algum dia
Desses
Velhos tempos

sábado, 13 de novembro de 2010

Certas Certezas

E caiu
Três pedras na vida
Outras mais
Pelo menos

Abaetê

Muralhas nascem
Em promessas ruidosas
De um minuto melhor

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sarau Saruê

Cêis qui mi perdoi
Mai Perdutrilho
Trem comendutudo
Temu mais é que
Transá com u chifrudo

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

milagre sem fé

Chamo pra perto
Chuto pro alto
Microfone aberto
Sinal fechado
Escada rolante dando voltas
e o mapa errado

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

carta aos carteiros

Imagine meu sol
Assine meu tempo
Falta muita lenha na fogueira
Use minhas calças
Corte minhas cordas
Tenha mais dinheiro na esteira

Escreva uma rua
Esqueça o futuro
Sonhos nos deixaram só
Solte minha pele
Seduza o muro
Regue minhas nuvens com pó

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Avenida Purgatório

Não haverá nenhum fechamento quando todos os caminhoneiros desiludidos e desprezados jogarem suas mentes na lagoa dos prazeres sem culpa sem pecado nenhuma placa passagem livre pra escolha de sua liberdade

Atropelarão os senadores distraídos ao atravessarem a rua da justiça em seus ternos de desperdício pagos com as moedas do povo nos templos de horas semanais enquanto olham pro céu em suas manobras e pedem votos

E que todos os astros divinos e urubus no acostamento interpretem mal cada palavra ressoada nas canções alteradas em ecos de dissintonia destas bocas sujas de molho fino enquanto passam fome em goteiras de esperança quatro paredes e um pedaço de papelão sem chegar perto da migalha jogada pelo País do futuro

Enquanto suas Barbies de diamante transam com seu cartão de credito de carro conversível e uma vaga garantida na melhor faculdade do faça fácil planejando viagens sem rumo onde não há pedágios nas calçadas pros que querem escapar do trânsito

E suas tropas de guardiões armados de ódio e pressão queimando maconha queimando dinheiro querendo impor a lei que lei ? quem é lei ? de quem ? pra quem ? a nossa lei é farinha pouca meu pilão primeiro do mais é licenciamento

A contaminação não respeita sinalização soam as buzinas do apocalipse altos ruídos que cortam nuvens e asfalto abaixam o vidro e mandam cartas e espalham seus sinos de guerra pelo próximo diante da luz vermelha neste cruzamento de corpos enlatados com o pouco que lhes restam

Ainda decretarão numa segunda-feira prisão perpetua por estupro dos reboques de Jesus e de todas as mãos iluminadas que lutaram para avançar poucos metros nesse trânsito caótico sem nada em troca falando aos porcos sobre almas de anjos

Até lá serão pisados e degolados estudante que forem picados pela tarântula da loucura e se tornarem pedras em seus pneus exigindo o que têm por direito e que pode ser feito mas é impossível o possível em transe impossível em breve essa carreata será imbatível flutuará pelos desertos como lagartos

Muitos são os silêncios que espreitam no muro sem mostrar os olhos encarando tijolos na espera do tapa que virá e que venha o tapa que revidem o tapa que sejam o tapa dos que deliram fascinantes por marchas dos soldados israelenses em gaza

Libertarão os presos políticos libertarão a política libertarão Cuba libertarão a liberdade deixando a pista livre pra quem quiser acelerar seu espírito em direção ao infinito onde na vida em horário de pico não se alcança com os corações e nem com farol alto

E todos os direitos humanos na sua capacidade máxima de tração proclamados e os não falados não escritos não ousados serão transformados em água limpa saltando dos cofres da pureza com a velocidade dos que são livres não dando a mínima.

trânsito que impede o mergulho dos afogados na superfície trânsito que existe dentro dos seres trânsito trânsito sem fim trânsito líder de povos trânsito entre mentes e corações nestas incontáveis distancias de trânsito entre olhares trânsito de palavras no pisca alerta trânsito acumulando medo nas faixas trazendo mais trânsito só existe o trânsito acenda uma vela para o guarda de trânsito façam suas preces para o semáforo estamos todos inutilizados no trânsito da impossibilidade seca

TRANSITO EM MIM
TRANSITO EM MIM
TRÂNSITO

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

o que se vê e o que se inventa

Tem prédio que se esconde atrás de arvore só pra ficar ali
Atrás da pedra tem um barco e um mar
e se eu procurar melhor até uma ilha desapercebida

Atrás da rede tem uma tarde e mais além tem um sonho
Quando eu olhei atrás da pipa tinha um sol
e atrás do sol outra pipa e outro sol até que não pude acompanhá-los

Virei a folha e lá estava uma estrada
A folha tem margens separadas que na estrada se juntam lá no fim

Atrás do pouco tem o infinito
Escondido esperando o esquecimento ou um presente de aniversario

Dentro do sorriso cabe um hipopótamo
Embaixo da formiga cabe um mundo inteiro
Tem coisa que se esconde
Pra gente inventar

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Convite

Gotas dançam
Em volta da utopia
Chamam
Chuva

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quero

Eu só queria acordar e ter um sol brilhando ao lado esperando o meu despertar noturno
Eu só queria acordar e receber uma ligação sobre um emprego de mil reais de segunda a sexta com cesta básica
Eu só queria acordar e ter um sonho antigo correndo pelo quintal e latindo para os outros
Eu só queria acordar e assistir Deus passando num programa de TV a cabo sem ser payperview
Eu só queria acordar e não ver nenhum fanático matando nuvens pelo céu
Eu só queria acordar falando inglês fluentemente pra poder assistir a volta do messias sem legendas e entender suas piadas
Eu só queria acordar e freqüentar um comando organizado para estudar gramática e aprender as normas do jogo dos trapaceiros
Eu só queria acordar e não precisar rezar absolutamente nada no caixa do banco depois de uma fila de vinte fiéis
Eu só queria acordar e imprimir os acordes que não saem da minha cabeça pra tocar no violão pras moscas
Eu só queria acordar e ver que alguém realmente descobriu o Brasil numa manhã de sábado de pouca roupa e muito ouro
Eu só queria acordar e ouvir no radio sobre uma nova descoberta de vida em outro planeta que saiba como nos salvar deste
Eu só queria acordar e ter a sombra da liberdade que realmente estendeu as asas sobre nós e esta voando num novo caminho
Eu só queria acordar e ir pra biblioteca mais próxima e não ter nada que me impeça de levar Rimbaud pra ler no sofá de casa
Eu só queria acordar e começar a contagem dos meus diplomas durante a manhã inteira me perder e recontar
Eu só queria acordar e arrancar do calendário a folha que termina com a era do impossível
Eu só queria acordar e ouvir os vizinhos conversando sobre atentados no vaticano que não deixaram igrejas sobre pedras
Eu só queria acordar e esperar os peixes morderem a isca antes de ser lançada enquanto ainda esta nos meus pensamentos
Eu só queria acordar com os gritos de alegria dos tocadores de gaita da rua com um aumento endollarado na aposentadoria
Eu só queria acordar e ler e-mails prestigiando meu trabalho invisível de desconhecidos com nome e sobrenome
Eu só queria acordar e ir almoçar na praça num almoço sagrado realizado pelos moradores do bairro para todos os moradores do bairro
Eu só queria acordar e dar de cara com uma pilha de livros do Leminski com um bilhete - para você de Alice Ruiz
Eu só queria acordar com meu guarda chuva numa tempestade de primavera glacial que não foi dada na previsão do tempo dos telejornais
Eu só queria acordar ao som da campainha na hora da entrega de um premio qualquer por qualquer coisa que eu tenha feito num dia sem nada o que fazer
Eu só queria acordar abrir o Word e digitar com dedos de arte e delírio um livro inédito de um autor desconhecido
Eu só queria acordar pegar minha esperança e trocar na feira por dois quilos de tomates
Eu só queria acordar e confundir o mundo real com a realeza depois de ter por perto uma coroa que não seja de espinhos
Eu só queria acordar e ler as noticias de quebra cabeças e não desanimar com o que andam amontoando por ai
Eu só queria acordar e ter meus planos escritos nas paredes do quarto com rabiscos de foram realizados
Eu só queria acordar andar na avenida dos sapatos perdidos e dar esmola ao primeiro sábio de farrapos sujos e barba que eu encontrar dizendo – Eu posso ser você ao acordar
Agora
Vou dormir

Última canção inocente

A palavra já não é amor
A lua clareia cheia de cor
Ao se mover pelas estrelas quentes
Foi perfeito o encontro de mentes

Nunca afundei tão calmamente
O sono é leve e resplandecente
Fecho os olhos como uma criança
Sem ver o mundo queimar na lembrança

apartamentos de papel

Sonhas com teu silêncio
É apenas o infinito a olho nu
Em caminhos desgovernados
Passo a passo
Pra quase outro lugar
Nada muda
No mesmo instante de
Fim
E recomeça içando a terra
Até nascer o sol dentro de ti

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Primavera de plástico

Deixar de ser febre pra ser fabricado
Teu deus trovão por um trocado
Dormi na oca errada acordei derramado
Era uma historia clara na corda bamba
Rock sob medida pra vender samba
Moça perdida em baixo da cama
Qual será a próxima obra prima
gritando que me ama ?

Din Dong

Os versos desta cidade se apagaram
No deserto de todos nós

Os santos desta cidade despencaram
Despencaram do nono andar

Os velhos desta cidade se esqueceram
Do futuro que estava ali

As luzes desta cidade se confundem
Se confundem com seus olhos

A raiz desta cidade enferrujou
Enquanto estava distraído

Os olhos desta cidade se cegaram
Por inveja do que o outro via

O sangue desta cidade jorrou
Mudando a cor deste céu

A boca desta cidade foi costurada
Pelos trilhos do metro

Os sonhos desta cidade estão ocupados
Sendo o lucro do patrão

Os campeões desta cidade estão vendendo
As medalhas no farol

As revoltas desta cidade fazem um som
De campainha no portão

Os dias desta cidade estão pregados
No calvário do planalto

As aves desta cidade não trazem asas
E não gorjeiam coisa alguma

Os demônios desta cidade oferecem
Novos dias novos sonhos

Os aplausos desta cidade

Amputados

Silenciam

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A fruta da pedra

Quantos cegos fazem o sublime
Teimosos
É mais sem importância

Formigas
Uma arvore e um quintal
Passarinho
Cor do vento e um céu

Antes pedra
Que toda hora

Carlitos
Uma bengala e uma cartola

domingo, 10 de outubro de 2010

Velho morto de fome querendo ser escritor

Conto os centavos
Pra descontar do seu diário
Mais um pedágio
Pro seu amanhã empoeirado
Com quantos hojes
Se faz um ontem ?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Incolor

Incolor


De barba branca
Ainda verde meu futuro

trem das cinco

Por falar em futuro
Sussurros a solta
Entre o trem e as pessoas

qualquer hora

Construir pra esquecer
Chover pra se por
Cair pra mergulhar

Nada me é tanto
Até ficar tonto
Tantas tentativas
Talvez
Mais tarde eu anoiteço

nada ou quase nada

Nada existe em mim
Cheio até a borda
De tudo vazio

Nas horas vagas
Olho pro teto
Até as nuvens

gotas em fila

Fila na parede
Formigas passam
Chuvarada chega

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Já fomos

Eu sou como você
Na ponta do garfo
Nos dentes da inviabilidade
Daqui
Estrelas dançam
Outra canção sem motivo
Em homenagem a todos nós
Por não estarmos
A um passo
De tudo
Minha cabeça
Desce rolando
Em direção ao futuro
Perdido em pleno rumo
Paro e espero a lesma passar
Enquanto derreto-me
À sombra
Nenhuma voz
Som ou senha
Aqui se vai
A escassa esperança
Dedos da mesma mão
Minha inutilidade
Outros olhos
Suas crenças

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Poema sobre nada

Essa fronteira em vão
Todas as coisas em dessaber
De todas as coisas
Todas desúteis
Palavras sem idioma
Delirar em cada verbo
Apesar do Habito
Aqui,ali ou acolá
Desertos Intocados
Sem lugar pra chegar
Futuro dos primórdios
Avançar até o começo
Tudo tem o que não tem
Na minha casa passa uma avenida
Que eu inventei
sem nenhum porque
Não há mais que isso
Dito e esquecido
Noutros tempos
Último minuto
Em pores
De sois
Pra nada

Arcaico

Quem ama
Amanhece com sol
Em dia de
Noite

O astro pulou o horizonte.

Hoje
Não passa disso
Dia nublado
Até amanhã

Amanhã
Dia de chuva

Depois
Dia sem dia

Até o dia
Em que o sol
Lembrar o caminho
De volta pra casa

E queimar sozinho
No topo do céu

Voar além das asas

Chegar pra partir
Quase passado quase preciso
nuvens dançam ao longe
perto dos pássaros
Para o chão que se pisa
Longe é o céu
Minhas mãos não alcançam
Mergulham as cores na parede
E toda tinta
Vira arco-íris pra lagartixa

eternamente velho

Quem tem medo ?
O tempo é tudo
Nos olhos do tempo
A janela pro futuro
No fundo da alma
A chuva faz lama
Eu tenho um plano
Mesmo com o passar dos anos
Porque velho é o tempo
Eu sou novo
Eternamente novo
Com os pés descalços
Correndo pelo quintal
O tempo tem dois ponteiros
Apontados pro sol
Como flechas
Apagam o dia
E começa a noite
Em cada estrela um ponto do tempo
Que escreve as horas, os minutos e os séculos
E nós
Apenas contamos

domingo, 3 de outubro de 2010

Velha máquina de costura

Da janela
enquanto tempestadiava
Enfrentava monstros
disfarçados de árvores
Salvando o mundo
Até o horizonte
Do mais desconhecia
Vento forte nas folhas
e seus tentáculos quase
me atingiam
Vamos escrever um livro
Sem nenhuma pontuação
E tomar limonada
Adoçada com a alegria guardada
Nos tacos soltos deste chão

sábado, 2 de outubro de 2010

Ainda fim

Uma vez depois outra
Quantas mais
Masmorra
Cada escolha um escombro
Da ruína pesando
No ombro
No céu da pátria neste instante
Planos de vôo
Planos de governo
Queda e ascensão da mesma cova
Quem é a solução ?

Tanto pra você
Quanto pra mim

Ah se todo voto fosse assim

terça-feira, 28 de setembro de 2010

i real

?
Quanto ganha
Quanto perde
Enquanto a vida

segue
?

Não Perca

Pra ver o que sobra
Depois dos comerciais
Distraída e disfarçada
A vida se desdobra
Atrás do atraso
Sem perder de vista
O capítulo sem fim
Da novela acaso

domingo, 26 de setembro de 2010

No centro do espetáculo

Os desejos dormem
Sustentam soltos
Intraduzíveis pensamentos
O critério do camelo:
Passar a controvérsia
Pelo buraco da agulha
Ou quem passar primeiro
Pra ver se a alma dura

O peso de tudo

Contando estrelas
Tece-se uma escada
Que um dia levará
Aos céus
O que se sonha aqui

quando crescer

Objetivos óbvios ou
Planos pairam por aí
Havia um menino
Há muito sabia
Que podia ser engano
Mas ele corria
E tropeçava
Pelos buracos da lua

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nebulosa

O grito pede passagem
Entre santos sanados senadores
Alguns saltam
Outros esperaram vento
Nesta tarde de sol
Vasto céu sem chances
Vai chegar o dia
Em que o homem pisará
Na
Vida

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Comunicação incomunicável

O que é não é
Aqui é mas não é
Ali é mas aqui é diferente
Agora não é o que é
Agora é e ponto
Pronto pra outra
Outra realidade
Virtual
real
Pontual
Não é isso
É isso
Isso é
Aqui é isso
Isso é isso
Ou é isso ou isso
Ou nada disso
Disso tudo só sobra isso
Por isso eu vejo
Por isso eu escuto
Por isso eu leio
Pra saber isso
Porque isso é importante
Sem isso
Eu sou isso
Agora com isso
Eu não sou isso
Sou mais que isso
Além disso
Sou
Invisível

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A projeção prosa

A projeção

Rascunho noite
quase estrelas quase céu
simples conversa
Poucas palavras e um mapa do possível
Sobrepõe sem pensar
Deixando de lado o só e o se
Imprime nos olhos o desejo distante
De tanto desejar
Te tem

Nada

Agora
Sem mapa, vire-se

em mim

sábado, 11 de setembro de 2010

disque-deus

Queimam livros sagrados
Profanam shoppings da lei
Levam os livres ao templo
Libertam da cruz e pagam o táxi
O assinante desiste do assassinato
E insiste na linha
pra ressuscitar

Blackout

esse escuro
esconde no futuro
tudo que sonhei

Zoom

Bem de perto
Pra enquadrar
Todos os mistérios
Do seu olhar

Oca Town

Flechas de um tupi sem diploma
Imploram por chuva e por sol
Lá vem enchente cibernética
Inundar o meu quintal
Vi o seu discurso na TV
Mas não sei se vou votar
Voltas e voltas no lugar
E quando eu paro pra assistir
A luz acende
Sinal-de-filmar

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um nome pra chamar

Um nome pra chamar

Eu nomeei
Sonhos leves de quem vai partir
Trazendo flores e planos
Enquanto buzinas da cidade ensurdecem lá fora
Com os pés na areia escreva meu nome
com o dedo nas nuvens escrevo o seu
Pro vento apagar
Em instantes
Assim como o mar apagará o meu

terça-feira, 7 de setembro de 2010

entre janelas e cortinas

Quem me dera
Entregar-me claro
Num jogar-se pra dentro
Sem amarras nem ancoras
mergulho em céu de estrelas
E ficar há um centímetro
Dos seus olhos
E ver que nossas almas
Ainda estão inteiras

Conte-me

Conte-me
Com palavras em branco
Do que morre
E do que dura
Num eterno instante
Entre o sonho e o chão
Conte-me
O que se passa passou e passará
Com olhos lágrimas pulso firme
E abraço apertado
Num dia de chuva
Parecendo domingo
Conte-me
Com milhões de enfeites
Falseados plagiados e instigantes
Dos que vivem pouco
Muito mais que eu
Conte-me
Sem sobrar detalhes
O que existe existiu e existirá
Escrito nas linhas da mão
Um futuro cósmico
Na mesa de um bar
Conte-me
Com uma palavra
Sobre o inconstante comum
Do amor e suas acrobacias
Do vento calmo e suas rajadas
Nesses lábios que beijam antes de falar
Conte-me
Mais
nada

Provável antes

Régias
Estratégias
Na areia dos anos
Enrolando planos em panos quentes
Sonhos doces enquanto arrancam seus dentes

sábado, 4 de setembro de 2010

Ponte Móvel

Expandir até virar pó
Inspirar até entrar alma
Há algo de podre
Há algo de reino
Alguém responde silenciosamente
E reina
Respira fundo e expira
Incontestavelmente certo
Inúmeras vezes é preciso
Olhar pra cara no espelho
Bem de perto

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Há cores ?

A perfeição escorre pelas imagens
Da televisão
quem vai arrumar a antena
do mundo
subindo na carniça
pra girar
o coração ?

Se esse espelho quebrado fosse meu

Esta rua dividida
Sem pedrinhas de brilhante
Passam tanques e carruagens
Sapatinhos de petróleo
Numa vala de esgoto
A canção ao luar
Dos órfãos na calçada
Misturam balé com esmola
E crêem que a sorte chega uma hora

Mas já

Ainda é pouco
Podemos mais
Até que o limite
Vire
Tanto faz

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

das coisas que não se lê

Te escrevo
E descrevo
O relevo
do infinito

Movediça

Movimento me mantém
Translação da vida
Rotação de quem vem
Move o corpo e as sobras
Começa do mesmo lugar
Voltas em torno do nada
Até o vento muda de ar
O tempo muda pra passar
Muda o gesto e o olhar
Muda a chave e a dobradiça
Muda o fim e a história
Do passo fundo
na
movediça

terça-feira, 27 de julho de 2010

fio

Agora
Outra hora
Já é tarde
Acabou
Agora
Outra chance
Outra vez
Outra volta
Outra hora
Ainda é cedo
Depois
Já volta
Se prepare
Agora
Já foi
Já volta
Fique esperto
Se prepare
Vai
Foi
Acabou
Nunca mais
já era
Não,não

Agora

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Linha amarrada ao futuro

Há quem diga tanto faz
Há tanto tempo tenho planos
Há menos tempo do que passa
Há mais passado que persiste
Há nós num quarto escuro
Há sois em cantos claros do infinito
Há versos rabiscados na parede
Há mais cais que mar as vezes
Há quem diga tendo dito tanto faz
Há quem faz
Há tanto
Há mas

substantivo fem. singular

Para quem se diz poder com palavras
De quem se ouve até depois de falar
Presente no que se pode dedicar
Olhos cheios de chão a quem olha
Uma rachadura não faz ruína
Só no céu
cheio de nuvens que tratam de esconder
Antes do amanhecer

anoitece o dia

Cai um pouco de pó
Cada chuva chora um pouco de cor
De cor o coração queima
Quem ama e quem teima

sábado, 17 de julho de 2010

divida luz

estrelas devem
devem star
a pagar

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Atrás dos olhos das meninas sérias

uma lua
nem vai
nem vem

só nuvem

Num piscar de estrela

Já foi
Pouco a pouco
agora
é só
pouco
um tanto oco
cheio de chá
chamado
silêncio

Já foi
antes de mim
antes de nós
até depois de amanhã
ao cair da noite
ao raiar do dia
ao cair da estrela
ao chover poesia

quarta-feira, 23 de junho de 2010

SeublueS

Notas na noite
Escala de restos
Em solos sem fim
Nessa mesa vazia
Memoria e fumaça
Alguns se divertem
Outros eu
Falam e riem da vida
Dos sonhos
Dançam e esquecem
Aqui como lá fora
É tudo breu

Original Silence Jazz Band

Nenhuma palavra nova
Cheia, clareia, afunda ou nota
Nenhuma palava nula
Nuclear, cega, ensina ou ensaia
Nenhuma palavra volta
Se despe, pede ou fica
Nenhuma palavra rasa
Nasce rica, nome, some ou memoriza
Nenhuma palavra som
Sopra, improvisa, avisa ou baba
Nenhuma palavra pó
pedra, cerca, sombra ou sol
Nenhuma palavra apalpa
Nenhuma palavra acaba
Nenhuma palavra bis
Nenhuma
Palavra
kiss

segunda-feira, 21 de junho de 2010

última oração

Deus
Vai deixar alguma coisa sobrando
Aqui
?

sábado, 19 de junho de 2010

u s o

caco meu rasga lua dies
da seu laico uga car sem
sala grama e cedo cisuu
mas eu diluo grace casa
selo is cada cama ruuge
cai do ser mulu asa cega
com essa cuaga lei urda
acorda u saci seel gema
lume grada sase co caiu
oi dama eua esc sr laguc
mesada ace luico sugar
cade a miss uraca gelou
uge lado mais seca crua
cadulue essa oca migra
alugam se caos ucaried
me da coca seu ar gula si
ac e dc mas elo ruiu saga
louca cria esmaga deus
a i c a o d c m s
r g u l s a e a eu
cada coisa em seu lugar

memoria de cego

Do coração
uma oração
ou suplica de afeto
sem replica
reposta imediata ao
imenso silêncio
que vem
assim que você vai
vai e cai
em mim
como nuvens que passam
sem vestígios
só vem o que vai
só vai o infinito
e fim

segunda-feira, 14 de junho de 2010

fincomum

Fragmentos ligados
De tão separados
Se tornaram um
Sol dividido em pedaços
Nasce se põe
Em lugar nenhum

Nunca saí daqui

Incontáveis passados
Mil folhas no chão
Vencem
Vento
E ficam
Eu não

Olhar de fora

O que vemos aqui
Derretem sonhos
Cidade e jardim
Não se escondam
Olhem de volta
Pra que não olhe pra mim

cores coração

Olhos perdidos no espaço
Giram em torno do fim
Entre noite e carnaval
Dançam como o vazio
Sem som
Vão
Onde não
São

goletra

gritemaisambemalevemais

percamaisonhecomigooool

amemenosóame

Poema Nulo

poema nulo

Melhor que
Ter senha pra tudo
É deletar você

Libertas quae sera tamen

A chave certa na porta de deus
Atire a primeira pedra
Quem nunca se prendeu

Uma chance em duas

Amanhã eu vejo
Se estou pela metade
Ou meio cheio

Erra uma vez

Primeiro erro do dia
Nem só de acento
Viverá a poesia

A lei do Se

Meu telefone não toca
Minha caneta não escreve
Nesse meu inverno
A chuva cai neve

Meu óculos não da visão
Minha chave não abre
Será que no seu dia
O meu instante cabe ?

o anjo pirata

sete véus
sete copas
sete dias
e setecentas cópias
em
sete
linhas

Urbanal

tem um q de aço
nesse vento
desfaço sem jeito
acabo enchendo
de aço
o peito

sábado, 5 de junho de 2010

Silêncio Mínimo

Depois do vento variável
Das nuvens de valores
E do inverno à venda
agora inventa
A chuva
Em câmera lenta

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tudo o que brilha é ouro

Ir pra onde
há anos-luz
lugar de ontem
Acho que acho que
Tenho que ir
Mais uma vez
Ver o sol sumir
Lá de longe
Rir a toa
Da cara no espelho
Acho que vejo
A saída daqui
Qual a hora
De existir ?

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Navios ao mar

navio vai
mar começa
mal se despede
parte pede
parte meça
partiu

segunda-feira, 31 de maio de 2010

voltas e voltas e voltas

Vamos voltar pra onde a gente sempre se encontra, sem que o sol ilumine mas perto dos olhos do céu.

Vamos voltar das voltas que a vida dá pra sentar no mesmo lugar olhando carros, passos e prédios que passam distantes.

Vamos voltar indiscutivelmente pra sala, abrir a porta com vista pra lua, teve desligada e quadros no chão, sem perguntar como foi ficar longe.

Vamos voltar e discutir nossos sonhos, escalar até a laje sem pipa e misturar os doces e colecionar miragens sem sair do lugar.

Vamos voltar e pregar no deserto algumas flores, iludir o mágico por de trás do pano, garantir o almoço e preparar o jantar antes de abraçar a noite

Vamos voltar e pegar fila com a multidão, caminhar descalço pela avenida e pular de alegria quando gritam gol

Vamos rir de tudo um pouco, mudar de espelho e de planos, sem se importar, e antes da chuva tirar roupa do varal.

Vamos voltar falando alto, jogando domino, juntando as folhas pra montar uma arvore, e estrelas pra se lembrar depois.

Vamos voltar, ainda da tempo, tempo, tempo há quanto tempo não te vejo passar por aqui e cumprimentar.

Vamos passar e chamar o vizinho, erguer um muro alto, dormir no quintal com a tv ligada e torçer pra qualquer escola no carnaval.

Por trás da volta existe um vamos, que não se importa com as folhas que gritam distantes, espelhos magicos da tv e avenidas na sala, nem com a vida em pedaços de deserto que passam descalços no quintal encontrando estrelas que ligam o céu antes das flores.

Se lembra antes do tempo, antes do pulo, antes do caminho, antes da laje, antes do quanto, antes do há, antes do gol, antes do pouco, antes do jantar ?

Tardes e Nuncas

Um dia
Dentro do instante
Passados 5 minutos
Volta como antes

Nove da manhã
Amanhã será novo
Tantas voltas
Em volta do ovo

Sábados de dados
Sorte ou acaso
Jogo a moeda
Sem escolher o lado

Acelero o sol
Pra correr o tempo
Queima mais rápido
E o dia passa lento

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Calendáriodoscópio

Em cada canto
Da saudade
avisto
Suas terras e seus mares

-

Quem inventa
isso que vai
Assim que vemta

Peixe seco

De chuvas impossíveis
A trilha transborda
Pra peixe-marionete
O mar é uma corda

segunda-feira, 24 de maio de 2010

o pôr-do-céu

só sobrevive o breve sobrevento somos sonhos até acordar sustenidos sustentando sem sentido o sol sobre o som leve só o necessário sou solto nesse rio salto desse censo desnecessário cessa o sol sobra sombra acordes sem cores sem pores sempre sem pressa descéu ao chão dessa descida(de)

Se sobrevive

Sobrevoa

sábado, 22 de maio de 2010

Lua Li Bai

Segue no temp(l)o
Vinho em vinho
Vida tamanha
Sonha nuven to
Amortanha

Nó da noite impar

Quando te vi
Bem

Vi aqui e além
Sonho

Certeza

Ser

Sem ser esperado

a m o r
é imper
do ável

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A mãe S

atraves sam
aves vermes mestres
atravez

aixa
f

pede stre para iso
só is so l
sempr
e ssa atrav

céu

quinta-feira, 20 de maio de 2010

me-alar-me

me-alar-me

quem te
VI
quem te
VER

di versos
si multa nêos

expl
oram

ár e as

c ele b
ri

da
dos

en
contra
mun
do

kravo roza

acab
ouçe
oque
era
do


hi
fi
c ou
sem
S or T

ex
cravo
brig ou
carros
a


ok
r
avo

despe d
aço

Rosa

avess Doavesso

a zero
Aza re reza
Acad acerto
Az ed ace do
ComBa co
Comedo
A band on abarco
Des de on tem
A ponto de do
Par a mal a
F aço pes o

Pay Per so na gem
Imã gem
Mar gem

Ret a
Re mo r

Ser

Pen
so

E na
da

Ex
ta


c

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Esse pernilongo

hoje era
O PERNILONGO
o dia
sol raiar
O PERNILONGO
poesia
peito aberto
céu fechado


quem sabe
vem estrela
gira, pisca e estrala
terminando assim

O PERNILONGO

tem um pouco de
bifurcação na estrada
a gente não sabe se escreve ou mata

Napalm Leminski

Lá vem napalm
Na palma da mão
Palavras não mordem
Apenas transformam
Pedra em pão

segunda-feira, 17 de maio de 2010

The Flash

Já passou a época
De ultrapassar o vento
Agora meu passo rápido
Não é mais que passatempo

Omemhobjeto

Tiro os sapatos
>>Pra pisar na grama
Deixo que o céu
>>>>Olhe pra mim
Na poça d’água
>>>>>>O mar profundo
Ofereço flores
>>>>>>>>Sem retirá-las
O que mais eu faço
>>>>>>>>>>Além do mundo?

Praça de São Pedro

Há quem morda a maça no escuro
Há quem vê o reflexo da lua e pula
A face de deus no espelho trincado

Também é a sua

Perco a conta das imperfeições ao apagar
Sonho e esqueço pra não realizar
Sete chaves no vôo do coração
Tranco a porta e sento na privada
Invisível é a tela do filme que passa
Paro e obedeço sem sentir meu furacão
Disfarço a lata com a minha pele
Digo teu nome pra não falar em tentação

Todos cedem, falham, e pedem bis

Até os que caem do céu

I

lu

Mi

Nam

Pois todos somos luz
Há os que ficam e os que pulam da cruz

do colibri pra mim

...também não sou da mágica de sumir, sou mais salto mortal, corda bamba e deixar a vida ir...

O Inédito Benedito

Já perdi as chances
De voltar pro meu lugar
Agora resta a volta
Pra onde ainda não estive
Estivesse eu apaixonado
Pra nadar contra a corrente
E descobrir que esse mar
É
A gente

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Kamibalismo

Eles comem farelos de sol como famintos por luz, comem os nomes, a gravata, o véu, o veludo, os potes de doce, as mães e seus filhos, casulos, árvores, postes, fios elétricos, barracos, mansões, bibliotecas, línguas, a imaginação, o reflexo da lua, castelos de areia, a espada e a cruz, com as próprias mãos.

Eles comem o que vêm pela frente, outras espécies, o que esta ao redor, o antropólogo, a tradição, o desconhecido, soldados, tanques, bandeiras, paises, fadas, feras, semente seca de uma extinta planta que poderia brilhar.

Eles comem os famintos, mastigam os olhos, a alma, a pétala, paginas, pássaros, navios, nuvens, os sobreviventes, o desastre, a questão, orgasmos, estrelas pregadas no escuro do céu, os pregos e o céu.

Eles comem sem lavar as mãos, a chuva, trovões e o raio, o padrão, o perpetuo, o cetro, engolem de uma vez Zeus, jornais, bombas atômicas, a tribo, a cama, o eixo, velhos que passeiam na praça, a praça, casais, promessas e coração.

Eles comem com a boca aberta a fome, o mês de julho, a probabilidade, a prosa , a poesia viva, as colônias, a coluna, as conquistas, os conglomerados internacionais, palitam os dentes devoradores e mastigam o vazio de tudo, o resto, o raso e o profano.

Ele comem sem dó, a primavera, os pernilongos, a wikipédia, as teclas do computador, os robôs recém inventados, os inventores, os anjos, as antas, o capitulo anterior, a terra que não é o centro do universo, o universo e o inverso.

Eles comem cru, engolem o sangue, a lança, a lâmpada, o vidro que nos separa, as cartas, o silêncio, faíscas de nada, o gavião e o punho, o girassol que ficou perdido, o fim da partida, do túnel e o estádio lotado em dia de clássico.

Eles comem um banquete de Jesus e seus apóstolos, as apostas, a ponte, pão, vinho e o espírito santo, a probabilidade, não deixam nem o manto pra contar a historia, comem a historia, o futuro, o hoje e até mesmo o agora.

Eles comem o outro ano, a previsão do tempo, o meu violão, a camisa listrada, the beatles, Yoko Hono, a memória, os mesmos de sempre, o sempre, o ovo, a galinha, o gás, o vasto, o nada, o rastro da gaivota, o crime, o castigo, e seus estômagos continuam pedindo.

Eles comem e acham pouco, comem sem oferecer, o inesperado, o inominável, a fé, a totalidade, a capacidade, os mapas, a maça, os sapatos, a instabilidade, as estatuas de santos, os santos, o escuro, o que não tem vida, a vida, avenidas, os tapetes de sejam bem vindos, a serpente e a mente infinita.

Eles comem o medo, o meio, a chave da porta da frente, a roupa no varal, os cegos, os loucos, as portas, os monges, os que inventam nomes, os que desinventam, o desperdício, os pedaços, o edifício, o guarda da fronteira, os continentes e depois comem o ego e o guardanapo.

Eles comem o fundo do poço, a literatura japonesa, o pau-brasil, os imigrantes, a china, o presidente Obama, os judeus, a segunda guerra mundial, os mortos nas trincheiras, o petróleo, as ilhas que não estão no mapa, o mapa astral, astros de hollywood, o inferno, com direito a todos os ciclos, o palhaço do circo, trombetas, correntes, asas e Ícaros.

Eles comem fuligem, caixas de pandora, quebra-cabeças, patos na montanha, rede de proteção, gafanhotos, uvas sagradas, vacas da índia, papel higiênico usado, a coleção de textos de Shakespeare, o mofo na parede, as quatro paredes, o teto, e janela aberta, o subsolo e a conta de aluguel.

Eles comem o atraso, o relógio, as placas escrito sinta, eles comem quem teme ser devorado, as pirâmides, os faraós, o mar, o cais, o chapéu que o vento leva, o vento, as bocas de lobo, as florestas, o novo mundo, marte, a pizza inteira, o pó, a besteira e se deliciam com a torre eiffel

Eles comem os rins, o rinoceronte, o radar, celular fora do ar, barra de ouro, armas de fogo, o isqueiro, o colete a prova de balas, os pilares da humanidade, as pedras, o caminho, as ruínas, os espinhos, o piano, o som e ainda querem sobremesa.

Eles comem o povo que sabe o que quer, o povo esfarrapado, o povo gripado, o povo que pega latinhas, o povo que pede carona, o povo sem palavras, o povo que quer justiça, o povo que se sacrifica, Eles comem o povo. (Pra acabar com o assunto)

Eles comem a noite, o distante, a saudade, o fim da ligação, a boca, a voz, os planos, os ratos, a carniça, o buraco negro, o sopro de vida, a hora certa, o dado do jogo, as regras do jogo, o jogo, a verdade inventada, a verdade de quem vê, a idade da pedra, a era do ouro, o ciclo do café, a massa e o bolo.

Eles comem o ponto final, o estrago, o sinal fechado, o aço, o jardim, os lírios, as lagrimas, o jato, a saída, o terceiro lugar, as fabricas, o capuz, o pus, Montéquios, Capuletos, o acaso, os apelos, os pelos, os elos, o azul, o cinza, o amarelo, as cores ( com uma mordida )

Eles comem o frio, a folha que cai seca, o guarda chuva em dia de chuva, o carpinteiro, a madeira, as minhocas escondidas, os esconderijos, o imperceptível, os óculos escuros, as lentes de contato, o sinal de fumaça, o manequim do shopping, o osso do cachorro, o cachorro, a espera, o desespero, as pernas cruzadas, o obvio e o breve

Eles comem e querem mais, os ais, as cartas, o homem de lata, tratores, tratados, a beleza, o feio, o falsificado, o botão de rosa, a flor de Hiroshima, a grama, outros tempos, novos rumos, o veneno, o venerado, os heróis, Eros, erros, sorte, a volta por cima, a roupa de baixo, a promoção da loja, a loja, a lapide, a coroa, a cova, a enxada, os vermes e a caveira.


Eles comem os homens canibais
Eles comem os deuses canibais

E depois se comem

A Porta Gaiola

A palavra vida
Não é vida
Em um passo
Cem trilhas
Saio a vagar
Com o obvio
E o nunca visto
Pelas luxuosas ruínas
Da rua sem graça
Estupefatos de estupidez
Chuvosa alegria
Cheios de cachaça
Muito pra dizer
Tropeço na palavra
Muita coisa em uma

E a vida passa

terça-feira, 11 de maio de 2010

Escolhi eu a vós

Cada um o seu destino
Ou segue em silêncio
Ou toca o sino do desatino
Ouvindo a sua voz mais sua
No quebra-cabeça da peça
No olho da decisão
Faça o que tem que fazer
Mas faça depressa

E de coração

Trans-ferir

Outro mesmo dia
Entre o ir e o ficar
E o sol se opôs
Sem
Me raiar

sábado, 8 de maio de 2010

Fechado para pousos e decolagens

Onde estava o escudo?
Escureceu aqui dentro
Liga o sol pra me cegar
E deixa tudo exatamente
Onde nunca vai estar

Cai cai cadente

Chuva de estrelas
Esburacando tetos iluminando quintais
e coroando infelizes capas de jornais
A lua desengonçada desabou
Crateras de piscina jardins solitários
bandeira desbotada grandes passos apagados
e flashes de quem não tinha telescópio
Facilitou pro astronauta
Almoça em casa com seus astronautinhas
São Jorge sem lança se lança no asfalto
De moto com seu capacete de metal
Vi o seu dragão no teatro
Representando o papel do moinho de vento
Tudo pra ser o novo astro internacional
Desistam de buzinar
Nuvens só seguem as vontades do vento
Ficam horas apreciando a vista
Nem olham tua cara de bravo tua mão acenando
E o sinal aberto
Olha só
É impressão minha ou
O azul esta cada vez mais perto ?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tempormim

Tempo de fina flor que brilha sem perfume
Tempo de arte da ambição e do estrume
Tempo apertando a vida na cintura
Tempo ardendo nos olhos do tempo
Numa ampulheta cibernética
Caracteres-estrelas-de-areia
Nosso tempo tem pouco possível
Antes o tempo que parou
Esse mundo já é parte dos músculos de Atlas
Que tanto
Nas costas carregou

Não passa de mágica

Sabe
Você sumiu
Entre folhas, flores e som
Agora somos
Sonho
Que ninguém viu

quarta-feira, 5 de maio de 2010

si len cio sol

Quando descobrir
Que o amor não existe exato exit exu e chão
Não fale nada feche asa túmulo sem tumulto ache galáxia ouro tudo e alto falante mudo
Guarde silêncio lençol azul janela aberta vestido verde
deixe que o girassol siga o caminho dele como hoje sempre e antes
Vai que um desavisado
Vem e vem e vem
E vê algo em você
Que jamais alguém viu

viu

terça-feira, 4 de maio de 2010

Leia-me

( Sem Figuras Nem Diálogos )

Agora acabou a canção
De olho no contine nte
Sobras de sim
Folhas ao vento
Passam na minha mente

Agora acabou o riso
De olho no ex poente
Sobras de mim
Falhas ao vento
Passados na minha lente

Agora acabou a graça
De olho nas cer pente
Sobras de fim
Filhas ao vento
Pássaros na minha frente

Frases praticasuais
Átilã
Sem cais

segunda-feira, 3 de maio de 2010

As incríveis palavras de um par de sapatos engraxados

Ele usava terno cinza pra dizer que não tinha tempo volta ou caspa
tinha um emprego que combinava com gravata vírgula e aspas
Ele só andava de carro prata pra dizer que através do vidro fume via a mesma vida mesma lua mesmo amor e pra economizar sola dos sapatos saia cidade afora sem sair de dentro
Ele gostava de impressionar pra dizer o que era preciso aos prezados pregados sem nunca passar batido e já não era um menino magro era homem fino e só andava pra frente em volta do centro
Ele falava alto pra dizer que não tinha medo rugas ou dente postiço e podia gastar dinheiro mastercards money aos monkeys e dispensar calendários só dois ponteiros em casto movimento

Um dia

Ele berrou:

- Vai se fude.

Não precisou dizer mais nada

E sumiu com o vento

domingo, 2 de maio de 2010

hoje eu fui embora do hoje

Deixei o teu olhar no espelho
Teu vento nos pulmões
Teus lábios no batom
Tua paz na geladeira
Tua carta na caneta
Tua lua no varal
Tua em tom
Teu no eu
Teus às
T no O
Te
Nu
Tem
Hoje eu fui embora levei silêncio nenhum sinal nenhum destino rumo ao chão invisível olhar fixo idéia móvel auto sol plena cruz plano B maremoto novo mar carrossel pelo céu jogo sujo aclamado transe em transe tempestade pelos raios que a noite traz
Ah tá
Então
Até

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Declaração de amor

Quero tua luz no apagão do sol
Quero tua voz em orquestra sinfônica
Quero tua gota em naufrágio sem bote
Quero teu e-mail em relâmpagos virtuais
Quero teus kilometros por hora na via crucis da alma
Quero teus livros em biblioteca de sims
Quero teu labirinto em sonhos de Dedalus
Quero teu resultado em quedas da bolsa
Quero teu discurso em horário eleitoral
Quero teu android em filme do futuro
Quero tua multidão na estação da Sé
Quero tua miséria em favela queimada
Quero teus efeitos em cinema 3D
Quero tua censura em meus olhos cubanos
Quero tua grife na passarela da moda
Quero tua sopa em inverno inglês
Quero tua tempestade na terra do sol
Quero tua terra na sola dos sapatos
Quero tua rima adocicada em poema amargo
Quero teu establishment em outdoor luminoso
Quero tua razão em racionalidade louca
Quero tua coreografia de índio no programda de domingo
Quero tua canção tecnocrata playback no show ao vivo
Quero tuas receitas faladas todas as manhãs
Quero a mídia como porta voz de sua rebeldia
Quero teu circo cheio de espetáculos divertidos
Quero teus heróis em gibi da Marvel
Quero tua fogueira sacrificando os pagãos
Quero tua criança chamando pela mãe
Quero te ouvir ver sentir e dizer
Quero que ressuscite em 3 dias uma extinta emoção
Quero que os cientistas não desvendem o seu amor
Quero que tenha um vestido de 40 mil na sua estatua de cera
Quero que seja o som do cello da minha cabeça
Quero que seja uniforme da minha escola privada
Quero que seja a minha coca cola retornável de volta a minha geladeira
Quero que seja as 200 paginas em branco do meu bestseller premiado
Quero que seja o outro tom da minha banda
Quero que seja o vento em ambas as asas
Quero que seja o meu teamoprasempre@gmail.com
Quero que seja a saída mais perto do incêndio no prédio
Quero que seja minha moeda estável minha coroa e a minha cara
Quero que seja o programa que vende produto pra parecer que tem 10 kilos a menos da minha TV
Quero
teu
céu
em
noite
estrelada
Só isso e mais nada

Quem Espera Sempre

Espera a pêra escorregar pela boca
Espera o pior passar por outra parte
Espera pra dizer pra ela o que se passa
Espera repetir o raio da manhã toda manhã
Espera poder esconder o oeste do leste
Espera escapar pela espinha da vida
Espera espirrar o vírus espião pra lá
Espera escrever um livro extraconjugal
Espera é áspera e funda e explosiva
Espera carona pela estrada sem mapa
Espera a era dos que enganam o mar
Espera o guerreiro perder a espada
Espera por todos os que não sabem voltar
Espera por lados que a lua não brilha
Espera partir o sol antes do por
Espera sair o grito antes da dor
Espera cair do galho o beija flor
Espera falar mais alto que o girassol
Espera correr pra longe do vendaval
Espera ganhar a grana pro apartamento
Espera encher o tanque pra sair de casa
Espera piorar o tempo pra dançar na chuva
Espera pedir piedade ao nosso senhor
Espera dizer a verdade em cinzas de cidade
Espera o que foi ser o mesmo agora
Espera fazer de novo a surpresa
Espera acender a luz pra abrir os olhos
Espera acender o fogo pra queimar o dedo
Esperar abrir a jaula pra morder o leão
Espera entender o caminho pra perder o rumo
Espera ruir o templo pra fazer a prece
Espera trazer o gato pra sentir o queijo
Espera uivar pra lua pra raiar o dia
Espera imitar os deuses bebendo vinho
Espera olhar pra trás pra seguir em frente
Espera partir o pão pra vendar o cristo
Espera amar o próximo pra matar o filho
Espera sentir a luz dos olhos do inimigo
Espera dormir a vida pra sonhar a morte
Espera fingir de cego pra atravessar a rua
Espera ganhar um carro na formatura
Espera hoje a visita de amanhã
Espera jantar de velas sob a luz da lua
Espera lavar os pratos sem gastar água
Espera Zé não desiste dessa não
Espera cair de quatro pra dizer que é gato
Espera voltar as costas pra ter certeza
Espera bater o sino pra aceitar o vazio
Espera nadar no mar pra pular do navio
Esperar girar o mundo pra sair do lugar
Espera fazer os planos sem jogar o dado
Espera limão no pé de laranja seco
Espera trazer o que partiu de si
Espera quebrar o vidro pra pedir a bola
Espera sala de estar em casa vazia
Espera imaginar pra colorir a folha
Espera o céu te encher de estrelas
Espera o único sentido em espiral pular do prédio perder altitude quebrar o braço mudar de idéia ligar desmarcando pedir desculpas e se perfumar
Espera
Espera espia e para

Dois estranhos com algo estranho em comum

Um é infeliz e o outro sabe rir
Um fala demais e o outro tem razão
Um nas nuvens e o outro pé no chão
Um grita desafinado e o outro canta mal
Um bebe muito e o outro fuma pouco
Um tem chapéu e o outro não tem sapato
Um escreve certo e o outro é linha torta
Um sempre volta e o outro nunca saiu
Os dois
Sonham em jogar pela janela a porta

os seus eternos-instantes

um dia é outro do outro que um
dia foi o mesmo do outro dia
naquele buraco fomos
roídos pelo relógio
no meio do peito
que aspirou
a semana de pó no carpete
não passo do teu passado
meus passos de hoje
não chegam
a nenhum
amanhã
um ano dois três décadas
e nunca vão parar
o deserto no
jardim do
tempo
a cada minuto milésimos de sentidos
golpe de segundos à queima roupa
Outra hora seremos capazes
de entender tudo o que
faltou ontem ecos no
tempo não queimam
não jogam moedas
apenas escrevem
sempre esta
historia

intermi
navel
men
te

até
o fim
de todos
esses dias

o que esta amando agora ?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pêndulo

Deixe um bilhete
Pra eu te esquecer esta noite
Sem olhar pra trás
Estátuas de sal que ficam
Enquanto seguimos perdidos
Trilhando caminhos
Você gritou meu nome
Mas já era tarde
Meus ouvidos meus olhos de sombra e luz
já estavam inquietos ásperos e pregados na cruz
Siga o caminho em direção aos mares remotos do coração
Onde os olhos pingam no chão
Onde o corpo volta pro chão
Onde não se tem mais o chão nem os pés
Na mesa de um bar perto da estação
A cada trem que passa
Chega alguém que pode iluminar o seu mundo e o meu
Deixamos de lado os caminhos cruzados
E sejamos felizes já que chegamos a acreditar
Quando o sol sobe a lua desce
Só quem permanece é o mar
Imune incerto inflexível e imortal
E nos sonhos uma voz continua a gritar

Azul no Branco

Quando nada acontece

Eu sei que vai ficar

O vazio que é o vazio de sempre

De todo lugar

Quando tudo acontece

O dia amanhece

E a noite esquece

Do sonho de trovões e formas impossíveis

Dos cacos de céu das nuvens queimadas

Nas folhas rabiscadas de azul até a tinta acabar

E o que sobra ?

Só o bom e velho vazio estelar

Que sempre esteve lá

Em silêncio sentado batendo os pés ouvindo jazz

Sempre sempre

No mesmo lugar de antes

Só que agora me sorri

E conta elefantes

terça-feira, 27 de abril de 2010

The End

Hoje veio o apocalipse
As trombetas trovão desafinado e ruído de radio mal sintonizado
A face de Deus entre nuvens uma forma indefinida desenho animado e abstrato sem cor
Difícil de ver o formato e os detalhes do rosto
Teve quem olhou com óculos 3D
Um anjo cinza ferro velho chegou até o quintal
Voz enlatada péssima dicção estridente
Mal pude entender o que dizia
Apocalipse ultrapassado
Sem eco sem dolby surround digital
O de Hollywood
É mais indicado pro nosso final

Partindo daquilo que vem depois

Aço mental fincado no pé
Movimento pura identidade de um sol corrosivo
Leões pedras páginas nuvens estrelas moscas blecautes sóis e pores
Dançam compulsivamente
No salão de festas e no porão de metas
Da minha mente

Só uma estrela só

Entre as nuvens soltas camufladas na noite
Só uma estrela
Nessa imensa escuridão de rio corrente e estradas
Só uma estrela
Pros insones poetas famintos e iluminados
Só uma estrela
Pros que esperam algo cair sem mais nem menos do céu
Só uma estrela
Pros que olham pra cima antes de fecharem os olhos e sonhar em paz
Só uma estrela
Pros fantasmas que vagam de bar em bar atrás de um corpo
Só uma estrela
Pra todos os anjos e preces esquecidas
Só uma estrela
No olho no vento na alma do furacão
Só uma estrela
No lado escuro do coração que brilha
Só uma estrela
No azul desbotado da bandeira
Só uma estrela
Depois de um longo longo dia
Só uma estrela
Pras árvores que buscam expandir a si próprias
Só uma estrela
Pra noite que não está pra estrela deste tamanho
Só uma
Acima do mar de luzes infinitas

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aves de arribação

Um passo e passo
Pé no chão das pedras
Até as nuvens

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sem Nome

No caderno guardo
tua voz

Tua boca nos meus
ouvidos

Estrondo em brancas
paginas

Lugares distantes
dentro de linhas

Toda letra
olha nos olhos

Em segredo
vê o elo

Entre o invisível
e o não-existo

Todo abismo
começa nos olhos

Falência de
todos os santos

A tua cidade
vazia sem sol

Pronta para a
ruína

Que vem lenta
em passos leves

Qual o sinal ?
Saberás quem és pelo beijo que transborda o silêncio

do teu

olhar

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Desejo-vos boa noite

Sonhos casuais
não mandam cartas
esquecem e saem pela cidade
com um sorriso pálido de quem desistiu
com um céu sem luz sem lua sem céu
com os olhos apagados numa estrada escura
dizendo que a liberdade
é mais um palito de fósforo que se queima e fim
é mais um poema que queimo aqui
quem me dera cinzas sem respostas
encherem de sol os meus pulmões
e clarearem o caminho para os deuses.
No coração do viajante
existe o alto da montanha numa noite de alcançar estrelas
vento gelado por toda a madrugada
e uma cabana
sem frio

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vem pelo vento que ninguém sabe a direção

Quando da árvore dos poetas de fogo e céu uma folha invencível cai diante da escura imensidão da maioria silenciosa paira por toda a eternidade sobre os escombros de uma civilização devastada e o vento faz com que ela atravesse nossos caminhos num sopro cheio de alegria e esperança em dias em que o sol desiste de iluminar

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Para um livro sem alma de estrelas abissais

Em algumas horas da vida deve-se sonhar com o que foi perdido no movediço deserto escuro da impossibilidade humana e uivar para a lua que jamais te escutara.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mayday

Lucyfer In The Sky With Diamonds

Acabo de ler o jornal, acabou o dia assim, o sol sempre se põe quando isso acontece. Um dia será diferente, eu vou me pôr diante do sol. Fim da brincadeira, a vida é coisa seria, serial killer, por um kilo de salsicha no almoço vale qualquer tarefa. Segue o foco, segue a fé no fogo, ardendo por dentro, transformando em azul tudo o que toco. Uma vez toquei o céu e nunca mais ninguém o tocou. Hoje uma garota tentou me dar veneno, quase que eu aceito pensando que era contra o vírus da influenza H1N1. Existem oportunidades únicas na vida e o resto é coincidências.

Respostas, escolhas e vertigem

Um dia vou saber
Onde acaba o céu e começa você
De tantas descobertas
Um vasto mosaico
De coisas que não fiz
Procurar o que esta perdido
Sem saber o que fazer
Querer me tornar um deles
Ferir e proteger
Tudo assim como vem
Esquecer o que estar perto
Lembrar pra desaparecer
Contagem regressiva
Pra nada acontecer

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um grão de areia

Um grão de areia
Fez desabar a duna
Pela praia inteira
Convidou a onda
Pra passear pelo mar
E tomar sorvete
Esse grão ainda é a inspiração
Pra muita cantoria de sereia
Imagina
O que não fariam dois grãos de areia

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Um lugar no mundo

Deve ter caído em sono profundo
Esqueceu da rosa, do povo,
Do jardim e do fim do mundo
Inventou qualquer segredo
Gritou tanto que chegou ao silêncio
Pegou o osso, a bolha e a virtude
Cantou em coro e em comum
Ou quem sabe estará numa ilha deserta
Fazendo um duo para um

Assim é, se lhe parece

Pra que serve uma paisagem
Quando tudo que vejo
Parece tanto com a sua miragem

Até quando o motor aguenta ?

O primeiro
No primeiro olhar
O terceiro
Nas terceiras intenções
O quarto
Só no quarto
O quinto
Vai pro quintal
O sexto
Faz sentido
O sétimo
Como na sétima série
O oitavo
Parece outono
O nono
É mono
O décimo
Um décimo
De segundo

terça-feira, 13 de abril de 2010

Além-mar

Esqueci de girar
Em torno do sol
Era engano
Errei o plano
Deu branco
Menti pra mim
De bola parada
Disse: ninguém, ninguém
Escrevi até queimar
E vem agora
O mergulho pra aprender a nadar

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estilhaço de Rondó

Antes tarde do que garoa
Agora te vejo
Na terceira pessoa

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vê só

De coração e de portas eu bem entendo
Você entrou e trancou a porta por dentro

terça-feira, 6 de abril de 2010

Opus Night

Bebeu
Brindou
Brincou com a mulher errada
Passou 12 dias sem lembrar de nada

Dicionário I

Turvo:
Uma palavra estranha
Meio curva
Meio corvo

O Velho do Banco

Ele parou pra olhar a lagoa
Pássaros, sonhos e pessoas
Longe de toda a sorte e de todo o azar
E o mundão não parou de correr
Até as árvores foram viajar
Enquanto ele
Nunca mais foi visto em outro lugar

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Amores turvos

Cada palavra no seu passado
Turn on Turn Off ofuscados
Durante a noite inteira
Caídos e calados
Aff mas o que se pode fazer
Não resta nada
Só eu e você
E o Horóscopo do dia
Amanhã muda tudo
Quem sabe até
Essa palavra
Turvo

domingo, 4 de abril de 2010

Mosca sem asas

O que se faz
Pra mudar
Além do mute

O que te fez
Ficar sem ar
Além do muro

Tudo que fiz
Sem pensar
Foi só
Um murro
Parado
No sinal de STOP

O céu nos olhos

Só vou abrir a janela
Quando o sol raiar
Deixo a noite passar frio
Do lado de fora
O amanhã sempre chega
Cedo ou tarde pra chiar
Com suas cores e bandeiras
Só vou abrir a janela
Se o sol quiser entrar
Deixo o clarão esperar
Do lado de fora
Amanhã olho pra lá
E vejo o que os dois
Ao se encontrarem
Inventaram de pintar

Fio de Ariadne

No mês de abril
Te encontro nos perdidos e achados
De olhos fechados

meio gordo

To sem paz
Se você for atrás
Me traz da Petrobrás

meia cara

Estou sem eu
Se você for ao museu
Traz um pra mim

meia luz

Estou sem coração
Se você estiver no chão
Procura um anticorrosão

Carta de abril

Viu já é abril
Escrevi uma carta
Mas o pombo sumiu

Eu quero que você venha comigo

Acabou o filme
Agora é terra firme
Onde eu piso
Ta liso pra ilusão
A cada passo
Eu pego o passado do chão

meias palavras

To sem fim
Se você for sair
Traz um pra mim

meia lua

Estou sem lua
Deixa pra mim
Se não quiser a sua

quarta-feira, 31 de março de 2010

Rasga Coração

Cada um descarrila prum lado
Quem sabe logo ali
Um amor parado

domingo, 28 de março de 2010

Disneylândia

Na vida não tem segredo
Mickey não passa para todos
E tudo acaba cedo

sexta-feira, 26 de março de 2010

Confusa Confluência

Vai ruir
Vai raiar
E o rio
Ri
Pro mar

O Meu Pedido

Quero
Realizar
Um desejo seu
Sem mar
Nesse sertão
Já basta
Eu

quinta-feira, 25 de março de 2010

Cenas do próximo capítulo

Depois do amor

Guarda-se as cartas no pó

E só

quarta-feira, 24 de março de 2010

Gira Sol

o girassol
precisa de pouco
só do sol
batendo no rosto

e um sorriso seu

Potosí

Fez o que fez
Se escreve certo por linhas tortas
As vezes
Arranca a folha
E começa tudo outra vez

quarta-feira, 10 de março de 2010

Antes fosse

o caminho possível
ou outras possibilidade
dois passos pra trás
agora ande de verdade

segunda-feira, 1 de março de 2010

Dragão 2 x 1 Quixote

Vou mudar
Mudo já
Emudeci
Depois do jantar
Sou qualquer um
Tenho o mês todo
Agora só meio
De tanta
Realidade inevitável
O inferno
Tá cheio

Tua Vez

talvez melhor assim
talvez menos mal
talvez impossível
talvez em processo
talvez esqueça isso
talvez era pra ser
talvez
era
uma
vez

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

play/pausa

mira em mim
a tua mágoa
esqueça bem
lá no fundo
a gente só tem
um minuto
pra dar risada
e ver que tudo
parou na largada

Entre um trem e outro

entre um trem e outro
passa
passado presente
planos pro futuro
entre um trem e outro
passa sua ilha
a saída
a hora
entre um trem e outro
já foi
tua chance
e agora ?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Ria e deixe ruir

sem estrondos
construo uma ruína
eu tu todos

Um helicóptero que cai

É um passaro
Um herói sem munição
Destroços de um anjo
Um meteoro
Alguma conspiração
A queda da mais escrota estrela
Homem de aço marcando bobeira
ou apenas o fracasso testando o chão ?
Não, é só a ingratidão
Caindo em nossas cabeças

Lasca

me recordo sim
pelo pedaço que falta
aqui em mim

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Coração Vox Populi

Sentimento pós-moderno
Qual o lugar mais esquisito
Em que jurou amor eterno?

Eco

Posso repetir
As mesmas frases
Promessas, chuvas, insônias
Esquecer exatamente o que foi esquecido
Usar o mesmo perfume, jogo, espelho
Repetir as mesmas noites, canções, alegrias
Te fazer perder os mesmos medos, filmes, horários
Repetir os mesmos erros
Livros, planos, domingos
No mesmo por do sol
Mesmo segredo, mesmo abismo
Mesmos olhos
Posso sentir
Mentir
Ignorar
Desaparecer no mundo sem deixar bilhete
Posso repetir
Posso passar

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Canção Provisória

Corre pra estação
Olha da janela
Sonha com o amor
Que não sabe nem o nome dela

Espera o progresso assim
Guarda o sucesso pro fim

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Simetria

Saudade
Concreta realidade
Qualquer verdade
Metade
Dividir
O que não se pode
Separar
Onde é que tudo isso
vai parar ?
se
parar

o que for / o que é

Cartas em branco
Uma vida é pouco
Pra amar tanto

Deixo sem nada
A letra passa
Sem encontrar o canto

Pra que me serve
Pra que servir
Sentir

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As veias abertas da estrada infinita

Algo acontece
Quando faço acontecer
Até o que não faço
O que não posso
O que não sei
Muda
Muda de lugar
Muda o modo de perder
Um passo
E vou
Horizonte ali
Não que eu possa tocar
Mas saio
E vou
Pro
Próximo
Lugar impossível de chegar

Ideais de espadas fora do baralho

Fato consumado
Um erro no sistema
Não era bem assim
Nova ordem sem sinal
Um guerrilheiro desperdiça
Revoluções a cobrar
Hoje esta diferente
Não me vê não te vejo
Não existimos nem queremos
Somos o discurso dos outros
Outros ares outras quedas
Nossa arte nossos olhos
Vendidos e vendados
Traídos com um beijo
Por 30 moedas de prata
E uma conta na suíça
Numa noite de insônia
Num jardim a meia noite
Sob um céu de areia movediça

Três Mil Kilometros

A maior distância
A menor saudade
Esse suspiro
É qualquer coisa de verdade

Algo Errado

Algo errado
tudo indo bem
uni
verso
à favOR
boas
NOTicias
sobre
amor

sábado, 16 de janeiro de 2010

o vôo noturno de Ícarus

asas de cera
derretem
acredite
teus olhos o limite
estrelas apagam
outra noite em Gothan City
só teu silêncio
enquanto me calo
amores líquidos
escorrem
pelo
ralo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poema Carente

Do fundo
Do peito
Este poema implora
Se não quer
Me ler
Pelo menos
Me olha

Nem só de poema

se esse poema for nada
melhor nem escrever
durmo acordo e esqueço
ainda vão me agradecer
um monte de palavras ocupando espaço
se não diz nada concorda com nada
resume nada não da pra ser
um dia desses eu bem que faço
algo que pelo menos pareça novo
palavras em forma
flores de aço
é pagar pra ver pra crer
pensando bem
não vou prometer
mas não me levem a mal
se esse poema for nada
(se por descuido alguém estiver a ler)

Às Ruas

Terra à vista presos no trânsito
Lá vem os corretores imobiliários
O mesmo grito agora em replay
Relógios ioiôs aspirinas
O mais novo brinquedo do rei
Perdoe a frase de efeito
Quem não impede é freguês
O grito de gol preso no peito
Nesse estádio lotado
Levaram a benção de seu filho
Num bang bang hollywoodiano
Olhares platéia de Calígula
No outro carnaval vai melhor
Enquanto olhamos pro lado
Falando pouco farol baixo
Afastando o cálice ou alternando
Murro em ponta de futuro
Sem piadinha
Procura-se um clarão num tempo escuro

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A voz e o deserto

Discípulo por discípulo
Em toda metrópole
Um novo ou velho nome
E por incrível que pareça
Ainda hoje vibra
Inventaram de tudo
Passado presente futuro
De boca em boca de orelha em orelha
Por muitos foi traduzido
Sem nos deixar seu livro
E por incrível que pereça
Ainda hoje vibra
Feitos e ditos
À fio de espada
Numa paisagem quase lunar
Além do movediço
Ainda hoje vibra
Será que Deus quer ser mais que isso ?

Aramaico

grandes passos
entre escombros
todos os laços
me partem ao meio
já chegou a hora
quem fica pra afundar ?
quem corre pra aplaudir ?
logo estaremos longe
além palestina israel
nova york velha moscou
sem saber voar
num céu de poeira
atirem a primeira bomba quem nunca sonhou

Diagnóstico Agnóstico

O problema é que temos
Um caso de coração imprevisível
Tudo o que planeja sai ao vivo
Na previsão sussego com batimento normal
Sem mais nem menos
Sua calmaria é temporal
Tome esse remédio três vezes ao dia
Evite doses exageradas de poesia
Se não melhorar
Esqueça essa besteira e se vire pra amar

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Poema Sonho Sol

Antes de dormir
Um poema vem à tona
Rádio desligado luzes apagadas
Assim que deito
Rimas deixam pegadas
Tomam o sono de assalto
O poema que antecede o sonho
Chega cedo tarde da noite
Quem sabe o sonho
O segundo ato da poesia
E o sonho do poema
É que faz raiar o dia

domingo, 3 de janeiro de 2010

MeteoroLógica

Charme do verão
Pancadas de chuva
Só na previsão

quase científico

outra coisa
coisas em vão
não aquecem o verão
tudo que preciso
é precioso e comum
já se foram outros tempos
em que nada diluía
me cabem as escuras horas do dia
um filme do Bruce Willis na tv
e outra carta pra reler
como um banco de wall street
ou um cantor de bar bem triste
que não sabe a hora de ligar
e liga sem saber
pra dizer ou nem pra isso
pra ouvir ou nem pra tanto
pra esquecer o que precinto
quando te vejo de canto
olhando pra mim
com a certeza de que vem chuva
no final da tarde
sem saída
teu alvo em cheio
e fico meio
que por isso mesmo

Um Domingo

O que não cabe na filmagem
A gente grava em outro canto
Pra recordar o mergulho na piscina
E as olimpíadas de submergir
O gol de craque no campo
Sem ninguém pra aplaudir
Derrubando sem querer na caçapa
O outdoor que nos engana
É mais simples sorrir
Domingo é o Chaplin da semana

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Novidades Breves

Nova frase no twiter
Novo poema no blog
Nova foto no orkut
Uma da manhã
Um dia novo

quinze pras duas

a cada dia que passo
nem procuro nem acho
quem espera nunca alcança
coloco na garrafa e jogo no mar
pra nunca sair do seguro
como posso descobrir o Brasil
se nem as Índias procuro ?