terça-feira, 28 de janeiro de 2014

deusnortear

O que acontece depois da curva
Cantaremos pelo que se foi
Acordaremos para o que é
Sonharemos o que plantamos
Cairemos da cama eterna
Não veremos as legendas
E não saberemos o idioma
Ouvirei a voz do grande senhor
Caminharei descalço pelo jardim de asfalto
Megafones nos dirão como prosseguir
O por do sol será televisionado
Do outro lado da ponte
Haverá outra ponte
Olharemos pra trás
Cegos
Silenciaremos na escuridão
Uma correria sem rumo
Pra tentar voltar
Não nos reconheceremos
Nos agruparemos e acenderemos fogueiras tristes
Contrabandearemos o jornal
Vamos querer ter noticias
Uivaremos cansados
E sonharemos de novo

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Olhares, tratores e a terra na espera

Não vou te chamar
Nenhuma cidade em seu olhar
Só a terra me espera
Pra finalmente
Desmistificar as marcas que conquistam clientes

Pelo vídeo da janela
Vejo a vida
Tratores vem e vão pela avenida
Minha sorte
Minha saída
Ali

Não serei baleado
Não serei convocado
Não serei congestionado
Não serei especialista
Não serei decapitado
E no fim morrerei atingindo por um raio

Eles passarinho
Eu passo em falso sem falar demais

Eternidade hóspede


Foi ontem
Não mais

Estava lá
Enquanto aqui

Alguém esqueceu
Tudo que há

Sou eu

sábado, 18 de janeiro de 2014

Adágio Sarajevo

Bombas só servem para tomadas de decisão
Alguém decide
Alguém desiste
Alguém atinge
Há algo de disciplinar no reino da ilusão
Quando você disse: Lá fora
Apontou para a televisão

Dias antes da explosão
Voam assuntos que interessam
Exército de tabus e boas intenções
Tendências em jogo resplandecem respostas
No filme ativista
No jornal milionário
Restou um pouco de Sarajevo em cada itinerário

Realmente mudar o mundo
É abrir crateras

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A lógica do pedestal



A lógica
é uma órbita em chamas
Faixa de pedestre para airbus
Mágica, triste e carnívora
Cada qual sua promessa
Carnaval previsível
Céu nublado e tempo severo
Sem prazo de entrega
Começa e
prescinde
tudo o que prega

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Overbooking


Feixe de luz 
Tempestade no quarto escuro
Desfizeram-se no futuro
Anos passados
Em segundos

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Depósito permanente


Habitar
Um dormitório com suíte
Veloz , livre, morno e são
Fotografar mil vezes o transtorno
Falta um ano e dois meses para eu me formar em detalhes
Quando vai começar o desfile?
Gostar por gostar também é agressão
Dedicação total aos meus documentos
Já começou o desfile?
Enquanto isso
Uma dança ao som do estômago
Elas me amam
Bactérias nunca nos abandonam
Eu me amo
E me voluntario a esperar as férias
Presto concurso nos vãos
De vez em quando um estágio e uma dança para adiar o paraíso
Gabarito na norma dos crentes
Também aguardo para me mover
Minha cabeça para
Enquanto me arrancam
Dentes


E o desfile ?