quarta-feira, 25 de abril de 2012

Memória sem calendário


Ouvi uma canção
Com melodia estridente
que lembrava os cantos dos Inuks de Praga
Antes de estenderem as bandeiras dos exércitos derrotados

Ouvi uma canção
Me soava familiar
Talvez saída do piano da tia Esther
Ecoando por Osasco
Numa noite de Janeiro
Ou do rádio de pilha num domingo frio em BH

Ouvi uma canção
Com uma letra de dar gosto
Lembraram os versos de Alighieri
Nas passagens da Comédia

Ouvi uma canção
Nunca me esqueci
Falava de tempestades e rugidos de trovão
Falava do amor do deus de Sales pelos que se sacrificaram na altar de Melthior
Falava dos estranhos que nos reconhecem na multidão
E das coisas que acompanham nossas vidas

Ouvi uma canção
Que nunca ouvi novamente
Esta sempre a tocar

Na memoria









Em Rosien - Portugal




Troca o verso pelo avesso
Diz que sabe sem certeza
Esconde o alvo do certeiro
Sai da frente correnteza
Cai no sono um motoqueiro
Acelera
Sinal vermelho

Atravessa na faixa de gaza
Melhor deixar a lua acessa
Ganha na loto nenhum isqueiro
Pede mais uma estrangeiro
Chega em casa cheio
Ama a cidade no travesseiro
Sonha
Com o labirinto do formigueiro

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A arte de cantar em túmulos

E o vento passa pra próxima página
 Ontem eu tive um sonho
 Hoje cheguei cedo
 Amanhã vamos rever
 Os planos de futuro

 No caderno do poeta - NUMEROS