terça-feira, 31 de janeiro de 2012

adiante dos olhos

Grandes nuvens rasas de luz
Cheias de medo apagam o sol
Saltam aos olhos
Diante de ti
Dançando um tango
Pra se distrair
Voltas e voltas diante dos homens
De volta pra casa seu único azul
Caem de sono pelas horas distantes
Os homens passam
Mais rápido que antes
Não reconhecem mais
Quanto tempo faz?
Pra onde foram todos?
Me deixaram aqui
Nadando no céu estrelado
Lá vem outros
Outros vão
E eu aqui
Rodopiando minhas náuseas
No gigantesco azul dos deuses

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Corta Nuvens

Pra onde vai a lança
Além do meu alcance
Pra lá dos sete palmos
Além dos sete véus
Passou pela esfera
Caiu em domínio publico
Despedaçou uma estatua
Provavelmente era de sal
Já sem nenhuma forma
Foi sem volta
Deu a volta
Em todo o hemisfério
Norte Ipanema Pólo sul
e concacafe

Era uma vez um arremeçador
Lançou mão do medo
De se atirar na vida
Depois daquele beijo
Encontrou a saída no fim do beco
Voltou a se encontrar
Mas não a encontrou
Não sobrou nada
Além da pouca dor
Mirou o horizonte
e despedaçou
o amor

Quando amanheci
Já era outro dia
E no fim
Ainda havia noite
Comecei a cercar
O céu que me cercava
Do furo no espelho
Vazou
A minha alma
Acertei na mosca
Meu peito
E minha estrela

domingo, 22 de janeiro de 2012

Carrossel Corrosivo

Cartesio nocauteia Cartesio
Enquanto perco meus dilemas na revista Isto É
Já vimos muitos deuses falarem em latim
Já vimos muitos grandes caírem bêbados no chão da esperança

Não me interesse mais
Não me arraste mais
Não me apresse mais

Intermináveis sinais de mim
Campo minado no cais do silêncio
Soluções praticas para sons divinos
O resto é modo 3D, críticos sem poesia e discussão do final.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Herói Inútil

Falei
Falhei
Falarei tudo em voz alta
Gritarei se preciso
Sou isso
Nada mar
Eu sei que não gosta de mim
Fracassei
Um frango frito no metrô
Fuligem
Dollar furado
Nas mãos de um robô
Conta pra mim sua historia
Pra servir de inspiração
seu sucesso é minha estrela guia
Vou seguindo
Vou seguindo
Vou segunda

Vou
Seguinte

Édipo SP

Ganhei três reais
Antes de espremerem os meus olhos
Valeu a pena esse sacrifício
Estava uma merda olhar esses prédios crescendo em volta de mim
Excitados com o céu
Essas caras aguadas pela frente
E agora com meus três reais
Tudo mudou
Minha revolução se inicia
Um mundo novo nascendo de um mundo podre
Não encaro mais os vermes
Não encaro mais os prefeitos
Não encaro mais os melhores
Não encaro mais os preços
Não encaro mais os hipopótamos
Não encaro mais os fudidos
Não encaro mais o futuro

E ainda volto pra casa
de ônibus

O peso exato das pessoas

No dia em que você desabou em fiquei sozinho no mundo
Dos ninguéns

Desafiando o silencio a gritar mais alto que a minha certeza
Sobrevoando as casas pra ver quem dormia planejando o verão
Fabricando ferragens pra relembrar o frio do seu coração
Desmantelando a atenção nas esquinas que me lembravam você

Foi assim que eu notei a falta que o frio dos seus planos me fazia

Toda noite um carro me jogava um saco de pão
Pra aliviar minha saudade dos nossos banquetes de lixo
Quando éramos felizes
Os maiores gênios da Sibéria

Se um dia eu te ver vou ter que avisar

Não passaremos melhor
Daqui pra frente
Só teremos idéias

Na página ao lado

O risco passou raspando
Outro resto de passagem
Sem remetente nem miragem

O que se passa?

O que se passa?

Minha maior identificação sempre foi
Uma lembrança perdida no tempo

A perda é relativa
e o tempo regressão
Eu por exemplo
Perdi seus olhos sem olhar pro relógio

Estou passando agora

O que se passa?

Nada disso teria acontecido
Devia ter lacrado meu sonho de cabeceira
Numa data mecânica
Até um futuro mais divertido

O que se passa se eu fechar os olhos agora ?

Sou a cidade inevitável
E toda incompreensão
É começo

Amor com asas

Esqueça o albatroz
Ele não voa mais

Agora olhe para mim
E diga se tanto faz

Nós somos tão parecidos
Cambaleamos quase iguais

Um dia fui até as nuvens
No outro não sabia mais

Pedimos aos céus
As mesmas pedras
E nos esquecemos
do sol

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Poema à vista faz mal aos olhos

Vou apagar um poema
Pagamento em doze meses
Mesmo assunto em vinte anos
Mar pra peixe
Rede vazada
Pague e leve o leviano
Pouco tempo
Vamos logo

Há quantos anos não me vejo
Da última vez
Nem me conhecia