quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Descartes no meio fio

Quem sou eu se este ônibus existe
Atravessa meus sentidos
Desnorteia minhas retas
Um passo a mais pelo ralo
Pele mole em aço puro
Tanto faz até futuro
Vi teus olhos simbólicos
Antes do impacto figurativo
Agora sim desfigurado
Desfilam soltas minhas certezas
Minhas cartas se arrastaram
Perto de mim só um bueiro
Quem sou eu este bueiro
Eu sou René Descartes
Desvairado imóvel nesta rua
Todas minhas duvidas
Esparramadas no asfalto
Não venham me beijar
Duvido que existas
Entre meus olhos e teus lábios
Conquisto meu país
Pelas horas que se seguem
Cegos olhos me contemplam
Nunca viram algo tão belo
Estilhaçado sem sentenças
Se esta sua fosse minha
Num piscar o ônibus
Atropelando meu sinal
Quem sou se vermelho
Quem só se levanta
Quem pede se alcança
Quem luz se escureceu
Quem volta se percebe
Quem mais se perdeu
Quem fica se duvida
Ontem mesmo
Aconteceu

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ex-ato

Um olho no mundo
E o outro no olho
Ser ou se ferrar
Centro sem certeza
Faço as malas e pulo
Mal visto e meramente enganado
Me ame ou me beije
O gato é a consequência do peixe
Pelamor dos portugueses pelo mar
Cinco mil por mês
E nada a declarar

Corrupção de poeta

Preso
Por
Desvio de verbo

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A terra do erro

Vai acontecer algo incrível
Aqui
Ordens tomarão outros rumos sem hora pra voltar
Gritos com camisa furada se espalharão com o vento
A luz da tempestade pulsará dos olhos vibrantes
Vai acontecer algo incrível
Aqui
O gigante adormecido acordará e dançara pelos trópicos
Milênios em danças aos deuses da vida na terra
Futuros esplendidos aos corações flagelados
Cairão as folhas que impediam o céu de acender
Vai acontecer algo incrível
Aqui
Milhares de vozes vocês ouvirão
Nenhuma estatua será erguida em nome do alvorecer
Apenas as ruas
Se encherão de
Encontros
Vai acontecer algo incrível

Aqui
Nesta página

Aos sessenta anos

Bêbado
De tanta compreensão
Compro os olhos e a cegueira da razão
Vendo a alma a preço de banana
Empresto a cruz pro caloteiro
Calor no sangue
Frio nos pés
Peço desconto
Não me conte
Estarei escondido ao trazer a conta

Oratório Nativo

Livres de toda liberdade
Falsifico o instante
Fabulo a verdade
Vedo o silêncio
Sinalizo aos navegantes
Aqui acaba o mar

Demorou mas desmoronou
Toneladas pelo infinito
Traga seu melhor poema

Galáxias eternas e remotas

Povoar

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

panAmerica

Tufão roke Balboa
Disputa o campeonato
Chute pra todo lado a cabeça pro mato
Por mais um imposto impostor
Eu EUA me arrumo no apito
UFO UFC Unicórnio futebol clube
Uma Câmara no banco uma idéia vendida
Importadora da China se importa com a partida
Senado especialista convence no grito
Mega-sena camelo acumula o cumulo
Cotas para brasileiros em Harvard no lance
Obama se abana na arquibancada
Ouvidos atentos nos radinhos da ONU


Intervalo
Ninguém.
Interveio

Interminável

O jogo não parou
Nenhuma flecha atingiu o assistente

Manhã linda

O sol se vai
Só o primeiro
Desmorona o carnaval
Transito intenso na aldeia
Chuva de ossos em todo território
Nacional
Verde bandeira tamanduá
Amarelo amargo nas calçadas
Araras arrancadas dos erros do gramado
Gramofone inunda a floresta musical
Bola em jogo
Fé no fogo

FI O FÓ

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tamanduá Rei III

Ganhe bônus ao limpar os pratos de deus
Ligue agora e concorra a um ferro atravessado no teu rabo
Não perca tempo já perdeu o amor os sonhos e a relevância
Não ultrapasse a faixa de gaza gasolina é aqui
Me ligue quando chegar no inferno da tua ruína
Abasteça agora e concorra a uma vida de correntes e pedaços
IMPERDÍVEL hoje imaginei o pé de Di Cavalcante dentro da boca de Glauber Rocha
Pendurado por Oswald de Andrade no carro de lata de Nelson Leirner com patrocínio da coca cola
Não fuja mais agora é tarde Dou três quilos por sua arte
A internacionalshowsoftheSword pensa em você
Parcelamos em até 645.899 vezes para você
Preparamos tudo para a sua felicidade
Não fique um feio ultrapassado nossa beleza vai pra você
Ainda da tempo peça já o seu
Tenha um desses em sua prateleira
Você é livre
Experimente
Seja feliz



O boom não me tirou daqui
Fecho os olhos
E durmo na baleia

Tamanduá Rei II

Votei em mim na última eleição
Postei minha carta minha letra meu endereço
Liguei o radio pra me ouvir contando as noticias do meu país
Me vi melhor numa tela de plasma
Gravei minha voz no eletrostom
Chovi no quarto sem guarda chuva
Molhei a rua e a sequei com minha luz
Soquei minha cara e me curei
Doei o meu salário ao ligar no numero que aparecia na TV
Paguei minha passagem para viajar em mim de primeira classe
Estou perto de alcançar o meu programa de milhagem
Me abasteci me lavei me lustrei me perfumei me calibrei nas quatro rodas
e me acelerei
Me ultrapassei na curva da minha simpatia
Me estilhacei em meus cem pedaços de aço
Meu silencio
Meu orgasmo

Tamanduá Rei

Sou seu par pai fim filho
Aqui se vive aqui se paga
Atrás do vento vem o ventilador
Discretamente se vai ao longe descentemente ao fim
Pra acabar com a dor de dente só dor de coração
Sou mulato divisor de águas Índio louco flecha cega mas Londres é logo ali
Sou português peito peludo pelado no mato amarrado no soco
Sou mameluco arranco som de uma fração o sim e o não
Sou negro velho componho samba, Ibámi e rock and roll
Descanso em paz no fim do dia ah a vida traz
Esta noite vai ter pizza chegou minha vez agora é Rambo 3
Sol sol sol aqui não se fabrica mais nada além de luz
Ainda vai chegar o dia em que a hora perderá a linha
Hoje no clássico vai ter belo chute bola na trave bolo no bolso
A neve cai no meu forno pólo norte Miami cristo redentor
Nesse mapa bundi ainda sumo
Nesse mar azul ainda afundo
Não falo nada
Sou estados unidenses of America do Sul
Faço as malas
E fumo

Sua esposa me pertence

Não esqueci
Antes do fim tem o firmamento
Eu não perdi
Eu não pedi
Eu não peidei

Não mereci
Antes do ouro havia a alma
Eu não peitei
Eu não parti
Eu não peidei

Ratoeira Paraíso

Destrambelhados
Desmoronam constroem desmoronam
Controlam destroem
Século de vento forte pra papagaio subir
Atrás das nuvens tem os olhos de deus ou os seus
Quantos contos ao meu redor
Redondos como o fim do mundo
Quantas contas pra chegar aqui
Quantos meses pro fim do mês
Até onde iria pra não perder alguém?
Ponto final
Daqui pra frente é supérfluo
Inclusive arte
Até mais tarde
Se
Nada
Souber

Algumas doses

Formigas desafinadas
Sambam na terra do faz de sombra
Cigarras de limusine
Desfilam
Carregam gelo pra limonada
O desfile passa lento
Em todos os canais da televisão
Enquanto o trem não nos espera
Nem para na estação

O que falta meu amigo?
Mais alto
Não ouço o grito

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quanto custa um país ?

Brasil de qualquer canto
Estrangeiro todos os santos
Extrato raso no banco
Todos sabem devorar
No cinza do teu mar
Meu navio negreiro flutuou
Cas cinzas do teu índio
Minha caravela se enfeitou
Todo sábado é aleluia
Sexta feira meu sinhô
Ave maria Nostradamus
Nostra terra é imunda
Suas palmas sete palmos
Napalm e nenhum pai
Uma nação bem contente
Carnaval preso nos dentes
Sem começo nem final
Vivemos pelo meio
Numa floresta tropical