sábado, 15 de novembro de 2014

A prisão dos noventa prisioneiros


Há uma prisão que pensamos não existir
Nela toda mudança acontece lentamente
O que faz com que ninguém perceba
É administrada por um clube de dez poderosos que criam hinos de países futuros
Cada um dos dez possui nove aliados sentinelas bem disfarçados de prisioneiros
Nenhum deles sabe que você existe

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Te chamo sem som


Há dia de tudo
Até de ficar pequeno
Te chamo
Sem som
Desabo no teu silêncio
Concordo com o que chega

Se fosse dia de lembrar
Eu vasculharia memórias
Mas como é dia de esquecimento
Anoto
No caderno
Das folhas que não caem

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Tudo que tínhamos de bom está aqui


Tua voz me diz
Tua voz me situa
No começo era previsão
Em segurança no desfiladeiro impossível
Estamos chegando
Jamais retornaremos
Antes eram escolhas
Teus olhos não se escondem
Teus olhos não me desviam
Credos, carros, quedas
Gargalhadas em porta-moedas
Tua máscara teu rosto
O resto há de ser
Estrondo
Não sobrará
Pepsi sobre Pepsi
Tua foto me recusa
Tua foto
medusa

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Muro


Há um muro
De um lado ninguém mora
Do outro morre mil por mês
Mesmo assim não se pode ficar no meio
Moro no mesmo lugar
Há mais de mil anos
Volta e meia
Despeço-me
De mim
Olho pelo vão e
confesso aqui

Não me da vontade de sair

Mãos atadas


Satisfação garantida não inflama
Lá vem o discurso da rendição
Tá certo tio conta outra
Em outro lugar provo o contrario
Catracas na língua
Mãos presas no subsidio literário
A impossibilidade mora ao lado
Esqueci no varal o santo sudário
Bola no canto à lá Romário
Pernas próprias  mãos repentinas
Ganho o pão
Desenhando ruínas

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Vamos ver Macbeth

Vamos ver Macbeth
Acender a fogueira
No meio da floresta
Que incendiará o que nos resta

Vamos ver Macbeth
Em ascensão
Longe das investigações
No esconderijo de nossa pele

Vamos ver Macbeth
Ser coroado
Enquanto nossas mãos
Tocam-se lentamente

Vamos ver Macbeth
Fora da prisão domiciliar
Uivando pra lua
Antes que a minha boca chame a sua

Vamos ver Macbeth
Inaugurar o monumento
E engolir
O seu sorriso-convite

Vamos ver Macbeth
Desfilar seus escândalos
Em nossos planos
E mapas inexistentes

Vamos ver Macbeth
Erguer o seu muro
Que nos dividirá
Em passado e futuro

Vamos ver Macbeth
Escrever suas cartas
Com cabeças na bandeja
Simulando uma oração

Vamos ver Macbeth
Em sua campanha beneficente
Desintegrar nossos passos
Que seguiam na mesma direção


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Aval


Sem volta
Nunca houve
Acima da média do reconhecimento
No jornal das lapides e posses
Diante do fogo
Abaixo dos preços
Cada falta
Permanece

Funciona bem sem música
Obra prima
Sem nome

domingo, 2 de novembro de 2014

Condiz

Nada entre nós
Será estrela
Nossas vidas falam por nós
Eu não vou
Cair em seus olhos
Perder o trem dos dias inesquecíveis
Por não ter o que dizer
Ou cantar
Ou pensar
Cada passo
Acorda um novo eu
Perdido em algum canto da sua cidade
Considere-me
Algo
Além
Disto

sábado, 1 de novembro de 2014

Regra 3

Ao menos
Movimento
Tropeçar no alvo
Atos em transformação
Aplicativos de impeachment
Curto circuito  
Coração
Lado a lado
Lado oposto
Pop punk
Pós barba
Lambança coletiva
Levada condensada
Um helicóptero acaba de pousar em meu ombro
Fausto dorme
Ao som da chuva de
Escombros