quarta-feira, 12 de maio de 2010

Kamibalismo

Eles comem farelos de sol como famintos por luz, comem os nomes, a gravata, o véu, o veludo, os potes de doce, as mães e seus filhos, casulos, árvores, postes, fios elétricos, barracos, mansões, bibliotecas, línguas, a imaginação, o reflexo da lua, castelos de areia, a espada e a cruz, com as próprias mãos.

Eles comem o que vêm pela frente, outras espécies, o que esta ao redor, o antropólogo, a tradição, o desconhecido, soldados, tanques, bandeiras, paises, fadas, feras, semente seca de uma extinta planta que poderia brilhar.

Eles comem os famintos, mastigam os olhos, a alma, a pétala, paginas, pássaros, navios, nuvens, os sobreviventes, o desastre, a questão, orgasmos, estrelas pregadas no escuro do céu, os pregos e o céu.

Eles comem sem lavar as mãos, a chuva, trovões e o raio, o padrão, o perpetuo, o cetro, engolem de uma vez Zeus, jornais, bombas atômicas, a tribo, a cama, o eixo, velhos que passeiam na praça, a praça, casais, promessas e coração.

Eles comem com a boca aberta a fome, o mês de julho, a probabilidade, a prosa , a poesia viva, as colônias, a coluna, as conquistas, os conglomerados internacionais, palitam os dentes devoradores e mastigam o vazio de tudo, o resto, o raso e o profano.

Ele comem sem dó, a primavera, os pernilongos, a wikipédia, as teclas do computador, os robôs recém inventados, os inventores, os anjos, as antas, o capitulo anterior, a terra que não é o centro do universo, o universo e o inverso.

Eles comem cru, engolem o sangue, a lança, a lâmpada, o vidro que nos separa, as cartas, o silêncio, faíscas de nada, o gavião e o punho, o girassol que ficou perdido, o fim da partida, do túnel e o estádio lotado em dia de clássico.

Eles comem um banquete de Jesus e seus apóstolos, as apostas, a ponte, pão, vinho e o espírito santo, a probabilidade, não deixam nem o manto pra contar a historia, comem a historia, o futuro, o hoje e até mesmo o agora.

Eles comem o outro ano, a previsão do tempo, o meu violão, a camisa listrada, the beatles, Yoko Hono, a memória, os mesmos de sempre, o sempre, o ovo, a galinha, o gás, o vasto, o nada, o rastro da gaivota, o crime, o castigo, e seus estômagos continuam pedindo.

Eles comem e acham pouco, comem sem oferecer, o inesperado, o inominável, a fé, a totalidade, a capacidade, os mapas, a maça, os sapatos, a instabilidade, as estatuas de santos, os santos, o escuro, o que não tem vida, a vida, avenidas, os tapetes de sejam bem vindos, a serpente e a mente infinita.

Eles comem o medo, o meio, a chave da porta da frente, a roupa no varal, os cegos, os loucos, as portas, os monges, os que inventam nomes, os que desinventam, o desperdício, os pedaços, o edifício, o guarda da fronteira, os continentes e depois comem o ego e o guardanapo.

Eles comem o fundo do poço, a literatura japonesa, o pau-brasil, os imigrantes, a china, o presidente Obama, os judeus, a segunda guerra mundial, os mortos nas trincheiras, o petróleo, as ilhas que não estão no mapa, o mapa astral, astros de hollywood, o inferno, com direito a todos os ciclos, o palhaço do circo, trombetas, correntes, asas e Ícaros.

Eles comem fuligem, caixas de pandora, quebra-cabeças, patos na montanha, rede de proteção, gafanhotos, uvas sagradas, vacas da índia, papel higiênico usado, a coleção de textos de Shakespeare, o mofo na parede, as quatro paredes, o teto, e janela aberta, o subsolo e a conta de aluguel.

Eles comem o atraso, o relógio, as placas escrito sinta, eles comem quem teme ser devorado, as pirâmides, os faraós, o mar, o cais, o chapéu que o vento leva, o vento, as bocas de lobo, as florestas, o novo mundo, marte, a pizza inteira, o pó, a besteira e se deliciam com a torre eiffel

Eles comem os rins, o rinoceronte, o radar, celular fora do ar, barra de ouro, armas de fogo, o isqueiro, o colete a prova de balas, os pilares da humanidade, as pedras, o caminho, as ruínas, os espinhos, o piano, o som e ainda querem sobremesa.

Eles comem o povo que sabe o que quer, o povo esfarrapado, o povo gripado, o povo que pega latinhas, o povo que pede carona, o povo sem palavras, o povo que quer justiça, o povo que se sacrifica, Eles comem o povo. (Pra acabar com o assunto)

Eles comem a noite, o distante, a saudade, o fim da ligação, a boca, a voz, os planos, os ratos, a carniça, o buraco negro, o sopro de vida, a hora certa, o dado do jogo, as regras do jogo, o jogo, a verdade inventada, a verdade de quem vê, a idade da pedra, a era do ouro, o ciclo do café, a massa e o bolo.

Eles comem o ponto final, o estrago, o sinal fechado, o aço, o jardim, os lírios, as lagrimas, o jato, a saída, o terceiro lugar, as fabricas, o capuz, o pus, Montéquios, Capuletos, o acaso, os apelos, os pelos, os elos, o azul, o cinza, o amarelo, as cores ( com uma mordida )

Eles comem o frio, a folha que cai seca, o guarda chuva em dia de chuva, o carpinteiro, a madeira, as minhocas escondidas, os esconderijos, o imperceptível, os óculos escuros, as lentes de contato, o sinal de fumaça, o manequim do shopping, o osso do cachorro, o cachorro, a espera, o desespero, as pernas cruzadas, o obvio e o breve

Eles comem e querem mais, os ais, as cartas, o homem de lata, tratores, tratados, a beleza, o feio, o falsificado, o botão de rosa, a flor de Hiroshima, a grama, outros tempos, novos rumos, o veneno, o venerado, os heróis, Eros, erros, sorte, a volta por cima, a roupa de baixo, a promoção da loja, a loja, a lapide, a coroa, a cova, a enxada, os vermes e a caveira.


Eles comem os homens canibais
Eles comem os deuses canibais

E depois se comem

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