domingo, 19 de fevereiro de 2012

Cara

Quando teu chão começar a dar sinais de abismo
O labirinto se erguer a sua volta
Palavras voltarem todas as noites para devorarem teu fígado
O gosto seco da inveja não sair da sua boca
Vá com calma
Meu amigo
As coisas podem tomar outro rumo

Os olhos já vermelhos começarem a falhar
As fotos começarem te cercar como se só sobrasse você
A noite interminável volta a te encontrar diante do computador a toa
Seus amigos parecem distantes e não param de se afastar
Pra onde foram todos?
Teus livros já não te convencem mais
As pedras do xadrez se movem tão rápido
nenhum pensamento vê graça em acompanhar os movimentos
Seus pés também correm na escada rolante
Tente chegar
O relógio te diz que continuará atrasado
Vá com calma
Meu amigo
As coisas podem tomar outro rumo

No fim do labirinto deu de cara com o abismo
Cada palavra deixa um gosto de chão ao te devorar por dentro
Você no fundo dança suave com a inveja sua amante sem final
Todo o seu plano pela manhã é uma falha-minotauro
Quieto diante do computador
Onde eu fui parar ?
Tentou um movimento que desprotegeu o seu Rei e perdeu sua Rainha
Teus pés não respondem aos seus chamados
Olha no espelho e da de cara com o relógio
Vá com calma
Meu amigo
As coisas podem tomar outro rumo
Vá com calma

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