segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Continente Édipo


Seu único costume é madrugar
Dorme cedo pra trabalhar

Pelas ruas pé na terra sol a pique
Nada a temer
Mas
O destino produz suas vitimas Zé


Foi confundido
Com outro Zé – O Zé do aperto pelo Zé fugido –
Arrastado pelas fardas – Por causa de que vão me levar?
Não fiz nada – Tentava clarear
Hora errada de estar no mundo Zé

Caiu na cela
Cilada do destino
Sem desvio
Mas a Justiça vai me enxergar
O destino produz suas vitimas Zé


Culpado
Suas perguntas não subiram para os deuses.
Os prisioneiros vão fazer Justiça
A qualquer preço
Hoje mesmo
O inferno vai queimar essas grades

Plano feito
Zé que não, continuou sem.
Quando viu, explodiu.
Cegou na hora.
O destino em estilhaços nos olhos de Zé.
O Estado produz suas vitimas Zé.

Anos e anos
O Cego Zé, Esperou.
Justiça, justiça. Agora o cego sou eu.
Cego de inocência. De nascença esperançoso.
Justiça aqui farda mais não calha.

Descobriram o engano.
Zé era inocente há quinze anos.
Agora livre.
Justiça seja feita.
Para a rua voltou Zé.
Sol na cabeça
Olhos no escuro.
O Estado produz suas vitimas Zé.

Mas não acaba assim não Zé.
Logo mais terá sua indenização
100 mil pela cela
200 mil pelos olhos
O destino e seus valores
Levou um tempo
Mas Zé recebeu
Pelo destino inexorável

Cego

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