quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Descartes no meio fio

Quem sou eu se este ônibus existe
Atravessa meus sentidos
Desnorteia minhas retas
Um passo a mais pelo ralo
Pele mole em aço puro
Tanto faz até futuro
Vi teus olhos simbólicos
Antes do impacto figurativo
Agora sim desfigurado
Desfilam soltas minhas certezas
Minhas cartas se arrastaram
Perto de mim só um bueiro
Quem sou eu este bueiro
Eu sou René Descartes
Desvairado imóvel nesta rua
Todas minhas duvidas
Esparramadas no asfalto
Não venham me beijar
Duvido que existas
Entre meus olhos e teus lábios
Conquisto meu país
Pelas horas que se seguem
Cegos olhos me contemplam
Nunca viram algo tão belo
Estilhaçado sem sentenças
Se esta sua fosse minha
Num piscar o ônibus
Atropelando meu sinal
Quem sou se vermelho
Quem só se levanta
Quem pede se alcança
Quem luz se escureceu
Quem volta se percebe
Quem mais se perdeu
Quem fica se duvida
Ontem mesmo
Aconteceu

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