terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As veias abertas da estrada infinita

Algo acontece
Quando faço acontecer
Até o que não faço
O que não posso
O que não sei
Muda
Muda de lugar
Muda o modo de perder
Um passo
E vou
Horizonte ali
Não que eu possa tocar
Mas saio
E vou
Pro
Próximo
Lugar impossível de chegar

Ideais de espadas fora do baralho

Fato consumado
Um erro no sistema
Não era bem assim
Nova ordem sem sinal
Um guerrilheiro desperdiça
Revoluções a cobrar
Hoje esta diferente
Não me vê não te vejo
Não existimos nem queremos
Somos o discurso dos outros
Outros ares outras quedas
Nossa arte nossos olhos
Vendidos e vendados
Traídos com um beijo
Por 30 moedas de prata
E uma conta na suíça
Numa noite de insônia
Num jardim a meia noite
Sob um céu de areia movediça

Três Mil Kilometros

A maior distância
A menor saudade
Esse suspiro
É qualquer coisa de verdade

Algo Errado

Algo errado
tudo indo bem
uni
verso
à favOR
boas
NOTicias
sobre
amor

sábado, 16 de janeiro de 2010

o vôo noturno de Ícarus

asas de cera
derretem
acredite
teus olhos o limite
estrelas apagam
outra noite em Gothan City
só teu silêncio
enquanto me calo
amores líquidos
escorrem
pelo
ralo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Poema Carente

Do fundo
Do peito
Este poema implora
Se não quer
Me ler
Pelo menos
Me olha

Nem só de poema

se esse poema for nada
melhor nem escrever
durmo acordo e esqueço
ainda vão me agradecer
um monte de palavras ocupando espaço
se não diz nada concorda com nada
resume nada não da pra ser
um dia desses eu bem que faço
algo que pelo menos pareça novo
palavras em forma
flores de aço
é pagar pra ver pra crer
pensando bem
não vou prometer
mas não me levem a mal
se esse poema for nada
(se por descuido alguém estiver a ler)

Às Ruas

Terra à vista presos no trânsito
Lá vem os corretores imobiliários
O mesmo grito agora em replay
Relógios ioiôs aspirinas
O mais novo brinquedo do rei
Perdoe a frase de efeito
Quem não impede é freguês
O grito de gol preso no peito
Nesse estádio lotado
Levaram a benção de seu filho
Num bang bang hollywoodiano
Olhares platéia de Calígula
No outro carnaval vai melhor
Enquanto olhamos pro lado
Falando pouco farol baixo
Afastando o cálice ou alternando
Murro em ponta de futuro
Sem piadinha
Procura-se um clarão num tempo escuro

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A voz e o deserto

Discípulo por discípulo
Em toda metrópole
Um novo ou velho nome
E por incrível que pareça
Ainda hoje vibra
Inventaram de tudo
Passado presente futuro
De boca em boca de orelha em orelha
Por muitos foi traduzido
Sem nos deixar seu livro
E por incrível que pereça
Ainda hoje vibra
Feitos e ditos
À fio de espada
Numa paisagem quase lunar
Além do movediço
Ainda hoje vibra
Será que Deus quer ser mais que isso ?

Aramaico

grandes passos
entre escombros
todos os laços
me partem ao meio
já chegou a hora
quem fica pra afundar ?
quem corre pra aplaudir ?
logo estaremos longe
além palestina israel
nova york velha moscou
sem saber voar
num céu de poeira
atirem a primeira bomba quem nunca sonhou

Diagnóstico Agnóstico

O problema é que temos
Um caso de coração imprevisível
Tudo o que planeja sai ao vivo
Na previsão sussego com batimento normal
Sem mais nem menos
Sua calmaria é temporal
Tome esse remédio três vezes ao dia
Evite doses exageradas de poesia
Se não melhorar
Esqueça essa besteira e se vire pra amar

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Poema Sonho Sol

Antes de dormir
Um poema vem à tona
Rádio desligado luzes apagadas
Assim que deito
Rimas deixam pegadas
Tomam o sono de assalto
O poema que antecede o sonho
Chega cedo tarde da noite
Quem sabe o sonho
O segundo ato da poesia
E o sonho do poema
É que faz raiar o dia

domingo, 3 de janeiro de 2010

MeteoroLógica

Charme do verão
Pancadas de chuva
Só na previsão

quase científico

outra coisa
coisas em vão
não aquecem o verão
tudo que preciso
é precioso e comum
já se foram outros tempos
em que nada diluía
me cabem as escuras horas do dia
um filme do Bruce Willis na tv
e outra carta pra reler
como um banco de wall street
ou um cantor de bar bem triste
que não sabe a hora de ligar
e liga sem saber
pra dizer ou nem pra isso
pra ouvir ou nem pra tanto
pra esquecer o que precinto
quando te vejo de canto
olhando pra mim
com a certeza de que vem chuva
no final da tarde
sem saída
teu alvo em cheio
e fico meio
que por isso mesmo

Um Domingo

O que não cabe na filmagem
A gente grava em outro canto
Pra recordar o mergulho na piscina
E as olimpíadas de submergir
O gol de craque no campo
Sem ninguém pra aplaudir
Derrubando sem querer na caçapa
O outdoor que nos engana
É mais simples sorrir
Domingo é o Chaplin da semana

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Novidades Breves

Nova frase no twiter
Novo poema no blog
Nova foto no orkut
Uma da manhã
Um dia novo

quinze pras duas

a cada dia que passo
nem procuro nem acho
quem espera nunca alcança
coloco na garrafa e jogo no mar
pra nunca sair do seguro
como posso descobrir o Brasil
se nem as Índias procuro ?